sexta-feira, 16 de julho de 2010

primeiro mês

A minha janela não tem mais vista pra Catedral de Brasília. Não frequento mais o Eixo Monumental, nem passo na frente do Conjunto Nacional. Não brigo mais por um pedaço de chão minerável. Não tenho mais uma sala com sofá e plantas na janela. Não sou visitada por amigos do trabalho e nem faço agitação contra o status có. Não bato mais o ponto. Não tenho mais um cargo em comissão.

Agora eu ando noutra banda, uma ponta de asa. Divido sala com 3. Não sei o nome de quase ninguém. Já tenho 6 contratos pra chamar de meus. Observo um ou outro cara bonitão no corredor. A partir da semana que vem, viajo a trabalho. Fiz um despacho e uma nota técnica, já participei de um curso e de um churrasco. Compro pão de mel do vizinho do térreo.

A vida virou, mas eu ainda sou, Querido Diário.

domingo, 4 de julho de 2010

Namorado

Namoro um desconhecido. E como em todo namoro dessa natureza há muita empolgação e susto.

Ele é bom amante. Me presenteia bolotas de flores roxas, ainda nos galhos dos ipês. Me seduz e me beija. Me apresenta a pessoas e não tem ciúmes de mim.

Tem algo de platônico, mas está sempre a um só passo. Quando brigamos, ele desaparece e nada acontece. Fazemos as pazes e ele é radiante como a luz do sol.

Dorme na minha cama e acorda antes de mim. É sempre ele mesmo e sempre novo. Estou apaixonada.

Namoro o Futuro.