segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pedra d'água

Meu amor é água cristalina
da pedra brota na pedra infiltra
mapa perdido da mina.

Suas botas duras pisam meu véu
enquanto ele pede chuva
às estrelas que caem do céu.

domingo, 17 de outubro de 2010

O relojoeiro ambientalista

No caminho da Chapada dos Veadeiros paramos pra almoçar em Formosa. Comida goiana e sobremesa numa dessas sorveterias tradicionais de cidade pequena, que vende até cigarros e aquele delicioso sorvete de limão que parece que você está comendo núvem.

Gente jogando dominó na praça da matriz. Dificuldade de dizer de quem é a preferência no cruzamento. Trânsito atrapalhado. Paralelepípedos. Calor. Movimento na rua do comércio. Menina de tenis no pé, carregando filho bebê. Estamos em cidade de gente altiva, mesmo que simples. Não há moribundos nos semáforos, velhos pedintes, bebados sem dente. Nada que denuncie pobreza de afeto.

Faz tempo que quero comprar um relógio de pulso. Então entrei na relojoaria só pra espiar, e uma figura simpatica me atende. Vejo um relógio pequenino, de metal e boa marca. Gosto dele, aponto. O relojoeiro abre a estante de vidro com chave e põe a pequena e delicada peça no meu pulso. Fica lindo. R$350. - Esse é ecológico, me diz o relojoeiro, vai durar anos. Quando riscar o metal, você manda polir.

Nesse dia eu conheci o relojoeiro ambientalista de Formosa.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Porcaria de diário

Querido diário,
Sinto-me como Avestruz Cabeça Enterrada. Eu que em fim via alguma coisa mais clara. E escolhi de novo o desconhecido. Agora terei que gastar quilos e quilos de energia pra me adaptar, pra abrir um espaço, pra respirar o ar fluido, de quem tem um metro quadrado de terra, que eu gaiatamente vendi... Continuo, me caro, ordenando o terrirório. Só que agora, não em 1:1.000.000, a proporção está invertida. Enxergo até as formigas do meu chão. Manja?

sábado, 2 de outubro de 2010

Visita

Pensei vê-lo surgir entre a fumaça e a poeira
trazendo apenas um abraço e o sorriso aberto
Nenhum pedido de desculpas pela longa espera
Como a primeira chuva de uma nova primavera

Com sua chegada, eu esqueceria a seca
Arvores pingando verde doutro lado da janela
Pensei que era você cantarolando a melodia

Era chuva perfumada, primavera tardia
Era uma alegria no meu peito empoeirado
Era uma nova história que eu já merecia
Meu bem, meu amor, era você quem me sorria.