A minha janela não tem mais vista pra Catedral de Brasília. Não frequento mais o Eixo Monumental, nem passo na frente do Conjunto Nacional. Não brigo mais por um pedaço de chão minerável. Não tenho mais uma sala com sofá e plantas na janela. Não sou visitada por amigos do trabalho e nem faço agitação contra o status có. Não bato mais o ponto. Não tenho mais um cargo em comissão.
Agora eu ando noutra banda, uma ponta de asa. Divido sala com 3. Não sei o nome de quase ninguém. Já tenho 6 contratos pra chamar de meus. Observo um ou outro cara bonitão no corredor. A partir da semana que vem, viajo a trabalho. Fiz um despacho e uma nota técnica, já participei de um curso e de um churrasco. Compro pão de mel do vizinho do térreo.
A vida virou, mas eu ainda sou, Querido Diário.
Ressaca do réveillon
Há 5 anos