
Mudou comigo pra Sampa, me viu casar, engravidar, mudar de volta pra Campinas. Viu nenem nascer, fazer 6 aniversários. Viu-me deixar o trabalhado e voltar à escola, deixar a escola e voltar ao trabalho, descasar. Ô velinha que viu tudo de mim. Sempre apagadinha, à espera do fósforo que não veio.
Anteontem, na maior sinuca precisei de uma vela que alumiasse meu caminho. Procurei a de citronela. Acendi, ela apagou, acendi, ela apagou. Morreu de rir a Iracema, minha secretária: lá em casa não falta vela, por que sempre falta luz!
Joguei a vela virgem no lixo! Que desperdício, para uma alma econômica como a minha. Fiquei pensando nas outras economias sem sentido que já fiz. Os sins e os nãos que economizo, por preguiça ou medo de me queimar.
Hoje de manhã, comprei uma velinha nova. Elá já está queimando, cumprindo sua missão de iluminar meu pensamento.