terça-feira, 23 de novembro de 2010

O que me encanta no amor é a troca...

No primeiro dia trocaram telefones,
e um meio abraço na frente das crianças.
No dia seguinte trocaram torpedos, emails, saliva
trocaram a hora do almoço por um pulo no motel e juras de amor eterno.
No terceiro dia, lhe deu as chaves do apartamento.
No quarto dia trocou a langerie presenteada por um número menor.
No quinto dia, sem querer, trocou seu nome,
E no sexto a fechadura.

domingo, 7 de novembro de 2010

Ecobags e afins

Quem inventou a ecobag ou a campanha saco é um saco pode ter sido um intelectual, mas certamente não foi uma dona de casa.

Estou me preparando para ir ao supermercado. Semana passada, o Pão de Açucar não forneceu sacolinha plástica pra embalar minhas compras, mas três caixas de papelão. Foi prático transportar, mas aqui em casa as coisas ficaram mais difíceis.

Não sou muito fã de caixas de papelão, sempre acho que elas são bom abrigo para ovos de insetos e eu tenho pavor de baratas. Quem já fez mudança usando caixas de supermercado sabe que depois vai ser obrigado a dedetizar.

Moro num apê. Tenho pequenos cestos de lixo nos banheiros e um sobre a pia. Todos recebendo lixo não reciclável. Lixo que termina no lixão da estrutural ou num aterro. O nosso lixo úmido urbano não vai para compostagem.

Separamos aqui no prédio os materiais recicláveis: latas de alumínio, garrafas pet, papelão e papel. Mas eu nunca vi um caminhão 'seletivo' passar. É o velho problema do lixo separado na fonte e misturado no trajeto.

É claro que a dona de casa não quer ver sacos plásticos entupirem bueiros ou pararem no estômago de animais marinhos. Então a gente tenta se informar das opções. Encontrei num site a recomendação que compremos sacos plásticos oxibiodegradáveis. Já ouviu falar? Eu não. Por que então esses sacos não estão sendo usados para embalar as compras no supermercado? Até agora, acho que só o supermercado saiu ganhando em não fornecer a tão temida sacolinha...

É claro que o consumidor deve fazer a sua parte, mas qual a contrapartida? Cadê a obrigação da logística reversa? Quando os fabricantes vão ser obrigados a recolher pneus, pilhas e lâmpadas fluorescentes inservivéis? Quando os governos vão finalmente desativar lixões e instalar aterros sanitários e equipar a frota de coleta de lixo com caminhões seletivos? E as políticas para viabilizar a reciclagem? E o investimento em pesquisa e desenvolvimento?

Esse ano saiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. É bonita e, se implantada, vai mexer no bolso de pessoas jurídicas e governos. Aí quem sabe, né? E nós, ambientalistas, podiamos parar que consumir tomate orgânico embalado em bandejinha de isopor e de comprar tecnologia descartável. Que tal?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amores finados

Não esperem ouvir-me fazer apologia do desapego. Eu amo tudo o que se pode tocar como uma beata ama a Deus. Amemos todos como quisermos.

Não esperem de mim que eu não sinta ciúmes ou medo. Eu os sinto e os declaro, sem nenhuma vergonha. Meu corpo é de carne, um dia se acabará.

Assim eu digo: jamais amei João como amei Pedro, nem Pedro como amei Carlos, nem Carlos como amei Roberto. Meu amor não flui. Ele nasce e morre, nunca é amor reencarnado. Sempre é novo. Como o novo sol de um novo dia.

Um amor finito é o que tenho. Qualquer outro amor ainda que seja maior, não é o meu. Meu amor é de carne e tem apego. É enterrado em cerimônia ou cremado quando morre.

E se, por um mero acaso, meu amor renascer, será sem nenhuma poesia: como renasce um corpo morto no estômago de uma formiga.