Quem acompanha esse trem, já percebeu, faz tempo, que eu não sou uma mulher descolada. Na verdade, faço mais o gênero bicho do mato.
Tenho vários exemplos que ilustram o caso: eu nunca tinha ouvido Amy Winehouse, até que semana passada comprei o primeiro CD dela - lançado há cinco anos. Sex and the City, tão comentado e elogiado, eu também não tinha visto até ontem, quando aproveitando uma gripe e a estafa de uma semana pra lá de conturbada, trouxe a primeira temporada pra casa, que, diga-se de passagem, já tem 10 anos.
A contar por esses dois exemplos, devo admitir que realmente tenho perdido coisas interessantes. Ando pensando, só agora, coisas que outras pessoas já pensaram, há um bom tempo.
Quanto à Amy, valeu à pena. Ela era apenas uma garota neste primeiro disco Frank, cuja qualidade musical me surpreendeu. Tem faixas que lembram Billie Holiday e letras bem humoradas e atuais, sobre relacionamentos, adolescência, infidelidade. Adorei "I heard love is blind".
Sex and the City também foi um programa divertido, que estava na prioridade fazer. Alguns amigos, que sabem dos meus dilemas de mulher 'frescamente' separada (ui! já faz um ano e meio...), vinham me dizendo que eu precisava ver a série. Pois está vista a primeira temporada.
Lógico que me identifiquei com uma porção de situações. Especialmente, a nova relação com os pares casados, os caras de vinte e poucos que chegam junto, e os de quarenta, que não chegam... a vontade de tornar o sexo uma diversão saudável e descomprometida, e a dificuldade de por isso em prática. Em matéria de relacionamentos, imagino que toda mulher solteira tenha um pouco de cada uma das personagens da série, dependendo quem é o homem da vez.
Por outro lado, eu não sou uma mulher solteira de trinta e poucos. Eu já fui casada e tenho filho. Não circulo em lugares glamurosos, não conheço vários homens interessantes dia-sim dia-não, e os relacionamentos não estão no centro das minhas atenções. No momento, eu carrego piano.
Tenho pra mim, que o relacionamento bom exige amor entre as partes. A essas alturas, não quero casar, não quero dividir as contas, não quero conhecer a mãe de ninguém. Quero o meu canto, o meu sossego, autonomia nas decisões. Mas também sexo, afinidade, interesse, estabilidade.
Isso posto, reconheço que não existe um manual sobre o que as mulheres ou os homens querem. É necessário aprender a se relacionar com o outro e ter um pouco de paciência, pois ganhar a confiança de alguém, leva o seu tempo. Eu também não saio por aí me entregando a troco de qualquer frase feita, não é mesmo? Tenho peculiaridades que podem atordoar algum coração ingênuo. Assim, não vou esperar que ninguém se entregue só por causa de uma ou outra paixonite minha.
É certo que, às vezes, a vida nos prega uma peça. E toda a razão escoa frente a um ser encantador ou a uma noite estupenda de sexo, abso-fuckin-lutely! Daí a gente vê o que faz: escuta um pouco de Amy Winehouse ou assiste a um episódio de Sex and the City, pra não achar que é só com a gente.