quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Despedida

Algo está diferente. Tenho aberto mais os olhos e achado Brasilia bela ultimamente. Céu azul e aberto, núvens negras de chuva, raios.

Contraste de sombra e sol nas enormes árvores dos passeios. Pau-ferro, palmeiras da austrália, mogno, ipê, ingá. Devagar, Márcio me ensina o nome das árvores da capital.

Vou almoçar com amigos neste meu último dia em Brasilia. Eu tenho amigos com quem falar sobre qualquer coisa. Fico à vontade, rio de nada, confesso segredos como há tempos não fazia.

Na volta, comentamos a arquitetura dos edifícios de apartamentos, dos bancos, da Esplanada. Sinto saudades de Sampa, mas não dos prédios espelhados da Berrini, que pipocam também por aqui. Feios!

Cada lugar é um lugar e nos inspira a sermos outros. Como repetir-se impunemente ao lado de outra gente, noutra paisagem, debaixo de outra luz e outra sombra?

Amanhã eu vou embora pra minha terra. Mas sei que volto, pois o que está diferente é que finalmente adotei este como o meu lar. Brasilia está tão bela neste dia de despedida.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mais uma de sonho

Esta noite fui eu que sonhei. Que um outro moço bonito (e sumido) aparecia e dizia: "não tenho tempo de ler esses seus posts tão grandes..." :-o

Pois muito bem, em sua homenagem, um postinho bem pequenininho e uma declaração mais que direta: ESTOU COM SAUDADES! ;-)

sábado, 29 de novembro de 2008

Sonhos tão inocentes

Eu namorava. Vivia o auge da paixão e fui jantar com o moço, um homem lindo, por sinal. Entre um beijo e outro ele me contou o sonho da noite anterior, que eu nunca mais esqueci. "Eu ia de bicicleta a um lugar que não me lembro, quando apareceu uma enorme cobra. Ela não me deixava passar. Era tão longa que eu não podia contornar. Eu estava preso".

Naquela noite não dormi bem, pois soube instantaneamente que a cobra do sonho era eu. Os dias que se seguiram confirmaram isso. Ele foi lentamente se revelando pra mim. Falando a verdade, desmanchando os sorrisos, me empurrando para fora. Eu fui andando pra trás e saindo. Não havia nada que eu pudesse fazer. Estava acabado.

Acredito que todas as pessoas têm dentro de si um serzinho invisível, que carrega uma lanterna e uma foice, e que sabe um pouco antes da nossa consciência, qual a nossa decisão final. Esse ser às vezes se comunica. Atravessa do sonho para a realidade, ou surge quando o corpo exausto já não domina bem a razão. Quando ele dá um veredicto, tudo se cala. Seu nome é intuição.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Outra vez, sem você

Pela milhonésima vez, estou parando de fumar. Não sei se ligo para R, pra perguntar o nome do remedinho que ele tomava pra parar de fumar e dizia assim: "supervejo passarinhos verdes". Esse remedinho talvez fosse uma boa...

Meu colega de sala está orando por mim. Ele torce pra que eu pare de novo. Da última vez, fiquei um ano sem fumar. Voltei em agosto, há três meses. Uma vez fumante, a coisa comigo é assim, quando tudo fica demais, o cigarro entra. Quando ouso fazer o que quero, ele sai.

Um dos problemas é que paro de fumar "cold turkey". Que raios é 'cold turkey?', você pode perguntar. É isso mesmo, peru frio, expressão inglesa que quer dizer sem adesivinho de nicotina, sem chicletes nojentos de nicotina, sem remedinhos. Pra citar o Ultrage a Rigor, que dá título a este blog, "eu me mordo, eu me rasgo, eu me acabo, eu faço bobagem".

O melhor de fumar é ter motivo pra sair da sala, do prédio, do saco do trabalho. Ter um momento para livre associação de idéias. Os fumantes compartilham isso. É por isso, e não só por que fumante fede, que fumante quase que só tem amigo fumante. O vício é solidário.

Então eu estou aqui, há 70 horas sem cigarro. Ainda, portanto, contando em horas. Amanhã ou depois passarei a contar os dias. Depois serão meses, pra poder, um dia, em fim, chegar a contar em anos. Eu nunca logrei contar em anos as minhas façanhas até aqui.

Meu pai diz que um fumante fica mais perto de abandonar definitivamente o vício a cada tentativa frustrada. Eu acho que ele está certo. Desta vez estou tendo menos abstinência, pois foram poucos meses de recaída. Mas, independente disso, o vício, pra mim, afeta mais o psicológico. Eu sofro 10 dias a abstinência química. Depois fica bem leve. Agora, aquela vontade de sair, de respirar ar novo, de distrair o pensamento, essa fica me tentando. Eu penso melhor do lado de fora das paredes do prédio.

A cidade de Brasília oferece um bom incentivo a parar de fumar. Aqui não se fuma em repartição pública, dentro do trabalho, em restaurante, boate ou bar. Só conheci uma casa noturna em Brasília que permitisse fumar (ok, conheço poucas casas noturnas em Brasília). No meu trabalho, por exemplo, se estiver chovendo, não existe área coberta que abrigue um fumante. Quer fumar, tome chuva! Os não-fumantes e a própria lei colocaram o cigarro em seu devido lugar. Lugar de vício decadente de pessoas que fumam ao relento.

Então é assim. O mundo segue, adaptando-se continuamente às mudanças internas do ser humano. Hoje mesmo, na maior cara de pau, impuz duas regras ao meu colega de sala: 1) nunca puxe conversa sobre cigarro comigo; 2) fale sobre cigarro comigo se eu puxar conversa. E a resposta muito fofa que ele deu, não sem me apontar um dedo, foi essa: claro que sim, faço tudo para o seu bem... agora, se voltar a fumar, volto a te pegar no pé. Ok, pelo menos fizemos um trato.

Quando alguém pára de fumar os amigos fumantes sempre perguntam: por que logo agora? Como se devesse haver uma resposta objetiva pra isso. Sei lá, o médico mandou ou estou doente ou descobri que o cigarro da câncer. Cada um tem suas razões. Faz algum tempo que eu venho colecionando as minhas. Primeiro por que fede, é decadente, emagrece e suja a pele. Também por que é dinheiro mal gasto. Depois por que o círculo dos fumantes anda cada vez menor e mais vicioso. Por último, por que eu sou o principal exemplo de um guri de quase 7 anos.

Será que dessa vez vai?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Santa Catarina

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chuva barro barranco casas por cima de casas choram mães filhos homens mulheres são 54 mortos
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domingo, 23 de novembro de 2008

Planetário

Giro em torno de mim mesma: claridade e sombra alternadas. Nunca passo no mesmo ponto, mas sempre perto, quase na órbita.

Cometas habitam meu céu e se perdem pra voltar em oitenta anos. Meteoros arrancam luas do meu corpo. Ora vejo planetas, ora a luz me ofusca.

Tudo quase sempre igual, mas a mudança nunca cessa. Nesse meu pequeno mundo, o gelo polar se derrete, formam-se marés, tsunamis, furações, incêndios, enchentes.

Sou autônoma. Quase autônoma. Há, porém, um sol, que também se movimenta, que atrai e que alimenta minha natureza viva.

sábado, 15 de novembro de 2008

Sombra

Quando paro de fugir, ela deixa de me seguir.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Candanguinho

Você sabe que está criando um candanguinho se ele ri do seu erre paulista e morre de vergonha quando você diz que a perua chegou. Mamãe, todo mundo fala van. Van ou kombi. Kombi? Acho que nem se fabrica mais...

Ele já é um candango se não entende quando você manda fazer a lição. É dever! Quando deixa escapar um eita ou um mermo e ousa te chamar de tu.

Putz grila! Tu? Tu é o rabo do tatu, eu sou mamãe!!!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Verde para a alma

Fim de semana, sol ardeu, trilha cansou, nadei no rio São Bartolomeu, de água fria e quente em correntes. Entrei debaixo da cachoeira da Capivara.

Vi vereda, jatobá e jequitibá. Rastro de cobra, buraco de tatu, calango, rã colorida, tucano, arara, ninho de pato no buriti. Só não encontrei curupira e saci.

Conheci Kalungas catimbeiros e aprendi novas palavras. Comi frango caipira com pequi e outras iguarias goianas. Desencardi da poeira urbana.

Cavalcante. A cada encontro, parece maior e mais bela a Chapada.



segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O que eu quero pra mim

Maça e tomate com cabo, banana verde, cabeça dura de alho. Carne moída na hora, chocolate alpino, manteiga sem sal. Pão integral, café de primeira, vinho seco, água mineral.

Gente que tem estofo, pensa grande e tem coração. Desejos correspondidos, cinco sentidos, comunicação. Quem acha tempo pra tudo, não vê a hora de se chegar. Roteiro aberto, surpresa, falta de ar.

Casa clara, cozinha grande - preparar e papear. Silêncio na madrugada, quebra cabeça pra montar.

Banho de cachoeira, . Não saber de nada, só pra aprender. Escolher o melhor que o mundo tem pra oferecer.

Eu sei o que quero pra mim.

Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem

Falta do que fazer, excesso de trabalho, tédio, pressão. Abandono, chatices sociais, indiferença, intromissão demais. Não ter a quem culpar, brigas conjugais, dor de cotovelo, falta de paixão. Livro de paulo coelho, excesso de erudição, silêncio, blablablá. Omissão, verdades de lascar, fofoca, falta do que falar. Prisão de ventre, diarréia, comida insossa, má digestão. Anorexia, obesidade, apatia, compulsão. Insônia, sonolência, saudade, aversão. Empolgação, sossega-leão, camisa-de-força, assassinato. Apetece? Faça o prato!


Título roubado do Poema A língua do Nhem, em "Ou isto ou aquilo", da minha ídola Cecília Meireles.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Teimosia

Quero ser como o cerrado, que a língua do fogo torna carvão.
Mas não se dá por rogado. Rebrota.

Fonte da imagem: http://arboretto.blogspot.com/

domingo, 19 de outubro de 2008

Parábola

Era uma vez um escravo chamado Desejo. Vivia nu, pés acorrentados, coveiro dos sonhos irrealizados. A Moral reinava e era seu algoz. Ria-lhe na cara, desprezava seus gemidos.

O reino era ordenado, calmo e feliz. Alheio a duvida. A Moral era uma boa rainha. Somente o Desejo conhecia-lhe a outra face.

Sucede que, numa noite, abrindo a cova, o Desejo se feriu gravemente com a enxada e chorou como um menino. A Moral, ouvindo aquele pranto, ficou muito abalada. Viu, pela primeira vez, inocência no Desejo e resolveu libertá-lo da corrente que lhe prendia os pés.

O Desejo, que sempre fora escravo, mas nem por isso menos criativo, se aproximou. Espelhou, iluminou e finalmente seduziu a rainha Moral. A Moral, que era séria, sorriu. E apaixonou-se pelo próprio sorriso, refletido nos olhos do Desejo.

Viveram por um tempo assim, os dois opostos. Devorando-se mutuamente em segredo de toda a corte que, assoberbada de plantio e colheita, sequer se deu pela falta deles. Foi feliz a Moral em viver o que nem imaginava existir. Foi feliz o Desejo por seu grande feito, morar nos olhos da rainha que só lhe tivera desprezo.

Porém, como todos já advinham, houve o momento da virada. O Desejo era imprevisível e não muito afeito à monogamia. A Moral tinha sede de vida, mas devia ter limites, sob pena de se ver desfeita - perder seu reino e seu trono. Então, dando-se conta disso, ela teve medo. E o Desejo, cujo olfato é de um lobo, sentindo-se ameaçado de voltar ao cativeiro, mordeu a Moral na face e fugiu.

Desde então, a Moral chora. Diz que é de dor, mas sabe que é de saudade. Desde então o Desejo é livre, mas vive exilado.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Amor

Eu te amo. Só não conto como e quando...

amor 1 forma de interação psicológica ou psicobiológica entre pessoas, seja por afinidade imanente, seja por formalidade social 2 atração afetiva ou física que, devido a certa afinidade, um ser manifesta por outro 2.1 forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais 2.2 atração baseada no desejo sexual; afeição e ternura sentida por amantes 2.3 p.ext. relação amorosa, aventura amorosa; caso, namoro [sabíamos tudo sobre os seus a.] 2.4 p.ext. atração sexual natural entre as outras espécies animais [a regra do a. entre as araras é a fidelidade] 2.5 p.met. o ato sexual [fizeram a. naquela noite] 2.6 afeição baseada em admiração, benevolência ou interesses comuns; calorosa amizade; forte afinidade [a. pelos antigos colegas] 3 p.ext. força agregadora e protetiva que sentem os membros dos grupos, familiares ou não, entre si [a. filial, a. de mãe] (...) 6 fig. devoção de uma pessoa ou um grupo de pessoas por um ideal concreto ou abstrato; interesse, fascínio, entusiasmo, veneração [herdou do pai o a. pelo mar] [a. à pátria] [a. ao teatro] (...) 8 demonstração de zelo, dedicação ou fidelidade [a. ao trabalho] [a. do cão por seu dono] 9 ambição, cobiça (...) a. à primeira vista amor repentino, ao primeiro contato a. carnal aquele que procura a satisfação sexual; amor físico (...) a. de si FIL em Rousseau (1712-1778), afeição natural e primitiva que o ser humano apresenta por si mesmo, origem de toda a moralidade pelo fato de que o indivíduo é capaz de vislumbrar o sofrimento alheio ao recriá-lo dolorosamente em sua própria experiência subjetiva a. livre o que não respeita as convenções sociais ou os preceitos legais a. platônico ligação amorosa isenta de paixão carnal a. socrático afeição homossexual pelo ou por a. de Deus por caridade, por favor(...)

Isso justifica tanta confusão. O amor é variado por definição!

Verbete extraído do Dicionário Houaiss da língua portuguesa - o presente de aniversário ;-)

sábado, 11 de outubro de 2008

Pequena carona na viagem alheia

Fui jantar com um casal de amigos recém chegados de viagem à Grécia. Foram também para a Turquia. Você sabia que foi lá, no Monte Ararat, que a Arca de Noé encalhou após o dilúvio?

Pois meus amigos chegaram cheios de histórias pra contar. "Tudo aquilo que a gente fez questão de não aprender na escola", disse o Loiro. Falou que na Turquia as mulheres ocidentais são muito cantadas e os homens tratados de maneira um tanto áspera.

As mulheres turcas são recatadas e os homens, apesar da rudeza, são carinhosos entre si: se beijam e andam de mãos dadas. Loiro, é claro, não deixou por menos, aproveitou e andou de mão dada com o namorado. Loiro é meu último amigo velho que continua casado.


Esta e outras fotos de Istambul: http://flickr.com/photos/54478688@N00/1252415168

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Medo de avião

Bom tempo longe do mundo virtual. Tragada pela realidade. Ainda espero o sexto trecho de vôo que me levará pra casa. Nunca mais consegui me divertir num avião, depois de choques no ar, falta de freios, explosões. Uma pitada de neurose, moída fina.

Sentir medo faz mal. Ter medo da morte, mesmo que seja o medo irracional de um acidente aéreo, redistribui o grau de importância das coisas. Subo num avião e antes da decolagem penso que tudo o que eu quero na vida é chegar bem ao meu destino. Faço a minha oração torta, de quem não acredita em Deus. Nada mais importa, enquanto a vida fica literalmente suspensa no ar.

As minhas superstições afloram. Avião com criança, embarque de família inteira é bom sinal. Uma voz suave avisando a turbulência, tranquiliza meu coração acelerado. Quando soa o tindón, sorrio ao ouvir o piloto desejar bom fim de semana, ainda no meio do caminho. Depois disso, o avião não pode cair mais. E quando aterrissa me emociono e controlo pra não aplaudir o grande feito, a vida que me foi dada de volta.

Quando eu não tinha medo, viajar de avião era diversão. Agora enseja uma filosofada. Depois de fantasiar tão de perto a morte, pequenas coisas voltam a parecer pequenas. Planos frustrados, dinheiro gasto errado, paixões platônicas, tudo perde um pouco o drama, a sisudez, a gravidade.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Aznavour e a malcriação

Mamãe esqueceu o Aznavour na última visita. O CD ficou misturado aos outros e na caixa errada.

Achá-lo foi como rever um amor perdido na estante da sala. Meus amores moram todos lá mesmo, na minha trilha sonora particular.

Aznavour à noite, Aznavour no carro. Me senti num filme no Eixão-Champs-Elysées. “Tous les visages de l’amour” e a manhã começou com glamour.

Inspirou uma malcriação que eu vinha maquinando. Deixar um trabalho e a impossível convivência com Monsieur Beaglê. A música tem poder!

Estou feliz! Quero aprender francês, cantar e ir a Paris...

Ouça e enterre uma carniça sem descer do salto: "Tous les visages de l'amour"

domingo, 21 de setembro de 2008

A festa da primavera

Era uma vez um Menino-Vento, que morava com sua mãe. Na frente da casa deles havia um belo Jardim, e mais adiante uma floresta. O Jardim era todo separado em cores. No canteiro das margaridas amarelas, voavam borboletas amarelas sob raios amarelos de sol. No canteiro das rosas vermelhas só as borboletas vermelhas podiam pousar. Cada cor da primavera tinha seu próprio lugar.

O Menino-Vento, inquieto, ia e vinha balançando as folhas de todo o Jardim. Até que fez amizade com Romeu-Borboleta-Azul. Como todo bom vento, soprou Romeu até Julieta-Amarela-Borboleta. E o que não podia deixar de ser, aconteceu: apaixonaram-se Julieta e Romeu. E entraram os três na Floresta, de onde se esqueceram de sair. Até que anoiteceu!

A estas alturas o Jardim já estava em polvorosa. Borboletas amarelas e azuis atrás dos dois jovens perdidos. Procuraram muito, muito. Até que os encontraram. Então, voltaram todos para casa. E a primavera seguinte foi assim: borboletas e flores de todas as cores, juntas e espalhadas por todo jardim. Todos acharam graça do Menino-Vento, que soprou água do lago e uma fala que Julieta-Borboleta esqueceu.

Menino-Vento-do-Dente-Mole agora dorme. E eu penso que vou ter cadeira cativa na vida dele, primaveras e primaveras adentro, e sorrio.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Aceitação

Deixe que a borboleta saia só de seu casulo
Não interfira, nem se iluda das cores que ela terá.

Quebre o seu casulo e espalhe as suas cores
Isso é tudo que lhe cabe.

Não se ama com o coração alheio
Meu doce, meu velho.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Prerrogativas da idade

Ficar mais velha definitivamente tem suas vantagens. Beijos e abraços, presentinhos e carinhos. Telefonema anual do amigo distante. Ser descoberta no trabalho apesar do meu silêncio. Fazer festa com amigos dos amigos. Mas, dessa vez, não foi só isso!

Vieram me dizer que já posso me tornar presidente e senadora. Ou ser nomeada ministra de tribunal (exceto o nada notável conhecimento jurídico e reputação mezzo ilibada;-). De qualquer forma, fiquei radiante que a idade me torne tão poderosa!

Por outro lado, ela também traz desvantagens. Não posso mais comer uma barra de Talento castanha do Pará sem uma dorzinha de cabeça como resultado. E fazer coisa errada então? Só bem escondida. Coração mole e ingenuidade? Ridículo nessa idade!

Mas francamente, enquanto não fico poderosa, vou me lixando pras desvantagens. Sempre haverá um Engov para um fígado cansado, companhia pra fazer coisa escondida, quem adote um coração descompassado...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Querida, cheguei!

Caminho de volta pra casa, me aborda um sujeito com um churrasquinho na mão. Oi, sou o fulano, sou militar, estou de férias. Como é seu nome? Sorrio e respondo.

Ele dá uma boa olhada pra mim e me elogia. Trabalha onde? Senhora ou senhorita? Qual a sua idade? Tem namorado? Mede a altura com a minha e completa, amanhã eu volto pra te ver, me dá seu telefone?

Fiquei sem jeito de dizer um não seco. Enrolei fazendo algumas perguntas, às quais ele respondeu com sinceridade comovente. Quando eu for a Belém vou me divorciar, essa distância não dá, odeio ficar sozinho. Além do mais, você acha certo eu viver assim, só de água mineral e churrasquinho???

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pétalas de rosa

Segunda-feira fui à Tok Stok com um amigo em horário de almoço. Comprei: 4 taças de vinho das grandes e 3 taças de champanhe. Sei lá por que 3...

A partir daí foi uma sucessão de acontecimentos. Um amigo querido muito sumido que mora em Portugal me escreveu: está no Brasil e quer me ver.

Levanta a janelinha do MSN, era outro querido me convidando pra ver a Madonna, já com um ingresso pra mim!!!

Agora há pouco, liga mamãe, dizendo que eles vem passar comigo o aniversário de meu pai. O champanhe e as três taças já estão de prontidão!

Que mais há de cair nas minhas mãos?

sábado, 6 de setembro de 2008

O encontro

Morava num apart-hotel na Alameda Campinas. O Natal vinha se aproximando e a Paulista estava toda enfeitada de luz. Papai Noel tocava trompete em cima da agência bancária entre renas, neve e o calor infernal de dezembro.

Acordou cedo. Desceu ao subsolo, tirou o carro e foi. Enquanto esperava o desembarque pensou no caminho de volta. Não havia alternativa àquela Marginal feia e mal cheirosa. Demorou até dar-se conta de que o avião havia aterrissado há um bom tempo. Estava no terminal errado. Correu quanto pôde, mas inda longe o avistou de pé, sorriso no rosto. Abraçaram-se e foram caminhando devagar, lado a lado. Era o primeiro encontro em sete meses.

Conversaram na língua que não era dela, se embrenharam no mundo que não era dele, sem notar a paisagem nem o trânsito ruim. O encantamento estava lá. Oceano azul entre continentes. Dalí se amaram.

Amaram-se até secar a última gota do imenso mar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Jogo de esconde

Quando eu era pequena, minha mãe tinha um truque infalível contra medo do escuro. Acender as luzes e procurar, na casa toda, fantasma, ladrão, bicho papão. Encarar o medo.

Agora fico agoniada. Que senso faz procurar resposta em lugar tão disparatado? Se quem pode dizer é a figura real, que não reside no google ou no www.

Resumo: o que é meu está em mim, o que é seu, em você. Enquanto a gente não fala, o fantasma debocha de nós debaixo da cama.

sábado, 30 de agosto de 2008

Receita pra ir embora

Se não posso mudar de mundo, pelo menos de país
Mas enquanto não deixo o país, quem sabe uma nova cidade.
Até sair da cidade, me divirto em mudar de casa
Enquanto procuro a tal casa, eu mudo meu modo de olhar.
E vou enganando a hora, vivendo o que é de viver
Até finalmente poder
Ir embora.

Em Brasília

Saiu a MP dos 350.000! Agora só falta chover.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Exercício

Comece imaginando um céu azul. Depois imagine-se jogando pétalas de rosa para o alto. Paisagem pintada de vermelho e branco, pétalas pairando até o chão.

Depois imagine o vento que suspende tudo, e algumas pétalas delicadamente voltam a pousar na sua mão. Sem nenhum empenho seu.

Agora imagine que as pétalas de rosa não são pétalas de rosa, mas a sua sorte. Tão logo consiga desfazer-se dela, sutilmente ela volta a pousar em você.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sossego

Parque de areia, balanço de pneus, brinquedos de madeira. Árvores derrubam sementes vermelhas e minúsculas na primavera.

Penumbra. Silêncio. Vontade de ficar alheia. Ao riso que não vou dar, à palavra que não quer dizer, ao ofício de conviver.

sábado, 23 de agosto de 2008

Raciocínio Lógico

Se papai-noel não te assiste
Coelho-da-páscoa nem rastro
Ou é coisa que não existe
Ou é hora de atualizar o cadastro

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Não fale com estranhos

1983 - Recife

Fim de tarde, sol e calor. A gente pegando jacaré com prancha de isopor. Maré vazante, mar puxando pra dentro. Sem perceber fui levada até uma falha nos arrecifes, me agarrei numa ponta de coral. Gritei. Três caras que andavam na praia me tiraram de lá. Um minuto depois, minha mãe chega, assustada, correndo para nós.

1995 - Estrada Campinas-Valinhos

Último dia de estágio, colação de grau no fim da tarde. Saio da fábrica atrasada, meu chevette velho dando pala. Chuva forte na estrada. Marcador de gasolina quebrado. Fiquei na mão... Mocinho pára, me leva até o posto, compra 2 litros de gasolina, volta comigo, coloca o combustível pra mim. Me formei, tudo acabou bem. A vida andou e eu não liguei pro mocinho, mas fiquei com seu cartão.

1998 - Viaduto da Moraes Sales

A caminho da escola de inglês, sou cercada por um grupo de trombadinhas. Levam meu relógio e minha carteira. Sinal fechado, um motorista larga o volante e corre atrás. Desce outro e também corre. O primeiro recupera minha carteira, com todos os documentos, o segundo não alcança meu relógio, mas me manda entrar no carro e me leva para a escola. Aiai.

Hoje - Repartição

O Chefe pede que eu leia uma artigo em inglês, pra apresentação. Descubro que é o resumo de um livro. Entro na internet. Tem a opção read in web, mas não gosto. Entro página por página e começo a formar um documento no editor de texto. De repente, surge um anúncio do lado da página: para leitores no Brasil, download gratuito do livro completo em PDF. Me cadastro e baixo em meio minuto - " é cortesia pra países em desenvolvimento". Eles me descobriram e resolveram me dar um presente!!!

Obrigada, estranhos! Espero vocês numa próxima ;-).

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Espírito Olímpico

...

- Mamãe... Oito medalhas de ouro! Caraca!! Eu tava rico!!!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Às favas com os escrúpulos

Ontem fui ao teatro, ver "Às favas com os escrúpulos". Estranho assistir a uma peça como essa em Brasilia. A peça é engajada. Aponta todos os vícios morais dos políticos e cia. Desde as traições e mentiras à velha esposa, até corrupção e dinheiro no exterior. Tudo é tão óbvio e me dá asco, enquanto o público oscila entre o riso meio histérico e as palmas.

Houve momentos em que eu quis ir embora de lá, outros em que ri. O teatro repete escândalos dos jornais diários, bate e rebate nos homens canalhas e nas putas de Brasília. A sociedade é produto de seus indivíduos e vice-versa. Somos todos atingidos por essa crítica crua, por participação direta ou por omissão. Pra mim, isso não é diversão. Será arte?

domingo, 17 de agosto de 2008

A roda da fortuna

Desafiando minha lógica engenheirística, começo a agreditar que tudo tem sua razão de ser. Até a dor que embaça a vista, quando arrefece nos faz ver melhor. Pra mim está claro, preciso continuar a mudança.

Mês que vem, faço 35. Isso me lembra que é hora de ser jovem. Hora de ir onde não fui, ver o que não vi, fazer o que não fiz. Hora de mudar de casa, de partir pr'outra viagem, incrementar a vida, expandir o horizonte. É hora de satisfazer a minha vontade.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Dia de Fausto

Nem todo mundo escolhe amigos pela posição social. Nem todo mundo transa pra se promover. Nem todo mundo sonha dar o golpe do baú. Isso é trivial. Mas também é trivial que uma hora apareça alguém que queira nos comprar. Então riremos, se a oferta estiver aquém do nosso amor próprio. Balançaremos se ela for razoável e talvez até topemos, se ela parecer muito boa ou fácil demais.

Não sei se todo mundo tem mesmo um preço. Sei que ainda não me arrebataram. Hoje, porém, fizeram-me uma oferta, daquelas de rir. Meu amigo M, que acabou de voltar das férias, quando soube da história me disse assim: foi seu dia de Fausto, Mefistófeles pôs a mão no seu ombro.

Eu - que ainda não li Fausto, não fiz meu preço e teimo em escolher meus amigos pela perspicácia (deles) - fui buscar a história no Google. M, como sempre, tinha razão, guardadas as proporções. Nunca terei o glamour de um Fausto e meu aspirante a comprador vai ter que treinar muito pra chegar aos pés do diabo.

Mais sobre Fausto, veja: http://paginas.terra.com.br/arte/dramatis/faust2.htm

Sewekow. Faust-Zyklus (2007)

domingo, 10 de agosto de 2008

As meias de meu pai

Quando eu era criança minha mãe costumava comprar uma caixa com três pares de meias, daquelas pretas e marrons, pra gente dar no dia dos pais. Meu pai chegava depois de um dia de trabalho, sentava-se no sofá e pedia que eu lhe tirasse as meias, úmidas de suor. Eu atendia fazendo careta. Era divertido.

De noite, era a vez dele arrancar as nossas meias, enquanto a gente dormia. Ele dizia que não podia dormir, pensando no calor que a gente devia estar sentindo.

Hoje, não tiro mais as meias de meu pai, nem ele as minhas, enquanto durmo. Hoje eu tenho a idade que ele tinha, quando era pra mim o homem mais importante do mundo.

sábado, 9 de agosto de 2008

Dois italianos envolventes

Não foi há tanto tempo assim que descobri o prazer de ficar só. Não falo de uma solidão sistemática e diária, que não almejo. Mas viver por alguns dias o descanso sem ritmo de quem não tenha família nem amigos nem preocupação alguma. Sair numa caminhada noturna, perder três horas numa livraria, dormir até meio dia, beber vinho em casa, no silêncio ou na música, pensar sem interrupção.

Nessa tranquilidade, me vi acompanhada de duas figuras italianas absolutamente envolventes: Olinda e Carlo Antonini. Olinda é personagem do filme argentino Herencia, italiana dona de restaurante que vive em Buenos Aires desde o fim da Segunda Guerra. Carlo Antonini, personagem do livro O Conto do Amor escrito pelo psicanalista Contardo Calligaris, também é psicanalista, reside em Nova York e vai à Itália para desvendar o passado de seu pai.

Tanto filme quanto livro falam do presente e da Segunda Guerra, da afetividade sutil e delicada dos que amam. Ora as relações de amor estão no foco, ora o tempo em que se dão. São duas obras comoventes, valem cada minuto. Enquanto duram, nos dão a sensação de sermos parte do enredo. Quando terminam, nos fazem lançar um outro olhar a nossa própria história. Se as personagens têm paixão pela sua, por que nós não?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Lição infantil

Logo antes do meu pequeno-doce-de-côco dormir, ele solta essa grande idéia, saída não sei de onde:

- Mamãe, 4 meteoros caíram na terra. O último matou os dinossauros para aparecer as pessoas.

Eu, que ando questionando até o tamanho da minha sombra, pensei: se os dinossauros tiveram mesmo que morrer pra surgir o homem, por que tanto medo de romper com o passado e começar de novo, nessa nossa vida curta?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Para ouvir direito

Passarinho pousou na minha janela e assobiou Pour Elise. Pensei ser o caminhão do gás. Nem olhei pra trás.

É que tantas vezes foi o contrário. Esperei ver passarinho, dei de cara com caminhão. Ando tão escaldada de auto-ilusão...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Tristezinha

Ontem derramei lágrima. Vesti o pijama de coitadinha, sozinha nesse mundão sem porteira, perambulei pela casa, demorei a dormir. Oh, céus...

Mas hoje o sol saiu, tomei café, me arrumei e fui encontrar o dia. Lembrei que tudo está bem, mesmo que as minhas tristezas cavem túneis pra sair.

Lágrima caiu na aquarela vibrante, vida ganhou mais um tom.

sábado, 26 de julho de 2008

A fábula das férias

No primeiro dia, caminhei entre árvores floridas e raios de sol que penetram entre os galhos. Vi tudo novo, como da primeira vez. O telefone tocou. Atendi, era do meu trabalho. Depois de muito caminhar, à noite dormi como urso.

No segundo dia, acordei ao meio dia. O telefone tocou, mas eu não atendi. Fiz as malas, entrei no carro, acelerei. A certa altura, meus joelhos dobraram-se para trás e me transformei em cavalo. Cresceram asas nas minhas costas e galopei no ar para o meu destino - Campinas.

Perto de chegar, perdi as patas e tomei forma de pombo-correio. Reuni-me com amigos-pombos, que retornavam de infindáveis viagens. Trocamos histórias e afeto, pizza e chopp, no lugar de sempre. Pombos-correios são muito fiéis ao seu lugar, assim como meus velhos amigos são fiéis à amizade.

A conversa foi longa, o tempo curto, a lua cheia, o sono pouco. Amanheci transformada em lobo - a família reunida em torno da comida. As mulheres-lobo, talentosas como chefs, se encostam a pretexto de cozinhar e lavar, quando querem falar da matilha.

Depois de alguns dias na cidade, deu-se a hora de mudar de ares. No sítio, vigiados por vacas, cães, gatos, galinhas, periquitos, pererecas e outros bichos, tivemos que virar gente. O que foi bom, pois comemos costela assada, derretida na brasa, com cerveja e conversa fiada.

Quase no fim do meu tempo, me desinibi. Fui ver pôr do sol na lagoa, transformada em sucuri. No caminho para casa, uma borboleta amarela pousou nos meus cabelos e me tornei a moça mais bonita de toda a aldeia. Abri o livro "Fábulas italianas" do Ítalo Calvino e lí 100 páginas de uma só vez.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Jogo

O que espera quem joga xadrez? O resultado da partida? Ou é a partida mesma que importa, divertir-se da malícia do adversário e da própria astúcia?

E a criança? Brinca mirando o fim do jogo? A brincadeira interrompe a realidade ou a realidade interrompe a brincadeira? Não é tudo uma coisa só?

E quanto a nós? Qual o resultado esperado do jogo? Quando a seta espetará o alvo? Quem desenhou o alvo? Pra que alvo?

Não interessam os fins, quando a musica toca, a água escorre, o ato se desdobra.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Seca

Céu sem nuvens, azul límpido, lua branca - as crateras visíveis à luz do sol. Árvores sem folhas e ipês floridos. É a seca! Brasília é mais bonita nessa época...

Porém somos surpreendidos pela dança invisível de vírus e bactérias suspensos no ar. A garganta dói, o nariz escorre, os lábios trincam, o ar cheira queimado. Ô boniteza ordinária que me deixa doente!

Visite a Galeria de Fotos de Flávio Cruvinel Brandão

domingo, 13 de julho de 2008

Pelo correio

Meu filho reclama que não tem recebido presentes pelo correio. Para piorar as coisas, os últimos pacotes que chegaram eram pra mim: o livro da Maitê, presente do site Não Dois, Não Um (muito obrigada ao Gitti!) e o documento do meu carro que demorou um tiquim pra chegar de Minas.

Falando em presente pelo correio, lembrei-me dos bombons de licor com cereja que minha avó nos enviava nos aniversários. Acho que na época nem existia Sedex. A caixa chegava com um mês de atraso, os bombons todos derretidos do calor, a maior meleca. Mesmo assim, para nós era uma grande festa.

Comentei o assunto com Pat, amigo canadense que também vibrava com as encomendas da avó alemã. Ele sorriu com cara de vitória e disse: in Canada the heat wouldn't be a problem... Claro que não - pensei - os bombons chegariam congelados. Definitely, an ice cream brick would be a good gift! ;-)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sintonia

De manhã estamos com a corda toda. Ele fala abobrinhas, conta piadas, ri e me faz rir o caminho inteiro.

Após um dia cheio, chego em casa cansada e o clima é bem outro. Ele faz cara séria e conta, solenemente, tudo que aconteceu. Sei lá. Rola uma sintonia de humores.

É verdade que ele me confunde, às vezes acabo rindo do que é sério. Mas fico cada vez mais fã dessa rotina, com Boechat, meu jornalista favorito: careca, inteligente e bonito!

*Quer se divertir também? ouça a Band News 8:45 - Boechat + Zé Simão, é imperdível!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reunião de pais

Entramos na salinha enfeitada com figuras, números e letras. Tia Chris é a rainha da festa. Ela conta orgulhosa o progresso dos nossos pequenos, que são muito agitados, mas também inteligentíssimos... Todas babamos, segurando as palmas.

Sobre cada mesinha quadrada de quatro cadeiras, os trabalhinhos do bimestre. Sentamos, as pernas encolhidas. Um caderno com palavras, outro de ciências em que se aprende sobre o ciclo da água e o que mais gosto com desenhos e colagens de São João. Suspiramos admiradas e conversamos baixinho.

Para ouvir a tia Chris, silêncio. Ela explica as fases da alfabetização e diz que nossos meninos estão maravilhados. Nós também ficamos. Hora ou outra uma mãe fala do filho que já lê tudo ou que adora ciências.

O Jardim de Infância é um pequeno mundo. Cada uma de nós vem de um lado da cidade, do trabalho ou de casa, esquecendo preocupações que ninguém imagina. A reunião é uma pausa na corrida do dia. É um prêmio: o filho está crescendo e é bom menino. Saio de lá segurando o riso, curtindo o momento. Foi há tão pouco tempo o primeiro cutucão dentro da barriga e agora o meu pequeno aprende ciências e sabe ler.

sábado, 5 de julho de 2008

Teoria dos conjuntos

Sonhei que você me pegava pela mão e me levava para dentro do seu mundo tridimensional. Eu tinha medo e não queria, tinha taquicardia. Mas assim mesmo eu ia. Seu mundo real, no espelho da minha fantasia, se retorcia. Eu ficava sem ação...

Depois saíamos do seu mundo e entrávamos no meu. Aí era você que não queria, mas mesmo assim você ia e se surpreendia.

E a gente voltava pro mundo que era só nosso e ficava por lá. Nem no meu, nem no seu. Tudo voltava a fazer sentido e a ocupar seu lugar.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Hold infinity in the palm of your hand

Ainda em horário de almoço, M aparece com um livrinho nas mãos, se senta e lê.

"A Voz do Demônio
Todas as Bíblias ou códigos sagrados têm sido a causa dos seguintes erros:
1. Que o Homem possui dois princípios reais de existência: um Corpo & uma Alma.
2. Que a energia, denominada Mal, provém unicamente do Corpo; e a razão, denominada Bem, deriva tão-somente da Alma.
3. Que Deus atormentará o Homem pela Eternidade por haver imantado suas Energias.
Mas, por outro lado, são verdadeiros os seguintes Contrários:
1. O Homem não tem um Corpo distinto da Alma, pois aquilo que denominamos Corpo não passa de uma parte de Alma discernida pelos cinco sentidos, seus principais umbrais nestes tempos.
2. Energia é a única força vital e emana do Corpo. A Razão é a fonteira ou perímetro circunfeérico da Energia.
3. Energia é a Eterna Delícia."

Ele segue lendo também os Provérbios do Inferno, que são vários: "Prudência é uma velha solteirona, rica e feia, cortejada pela Incapacidade". Rimos.

- Ei M, por que você não me dá um livrinho igual a esse?
- Pega! - M estende o braço. Mas é emprestado, pois não é meu, é de O. Traz amanhã...

Folheio o livro, encontro a lápis: "O, inverno de 2008". O livro criou pernas. Saiu da livraria pras mãos de O. De O pra M, de M pra mim.

Trago o livro pra casa. Enquanto a vela queima e espero a notícia, leio.

"To see a world in a grain of sand
And a heaven in a wild flower
Hold infinity in the palm of your hand
And eternity in an hour."

A notícia vem, na eternidade de uma hora. Boa, mas não tanto quanto eu gostaria.
"Jamais saberás o que é bastante se não souberes o que é mais que bastante".

Estou morta de sono. Amanhã o livro volta para M e a guerra continua. Pois "aquele que deseja e não age engendra a peste" e Imprudência é uma garota de 34, cortejada pela Capacidade ;-).

BLAKE, William. O casamento do céu e do inferno & outros escritos. Porto Alegre: L&PM, 2007. 136 p.

domingo, 29 de junho de 2008

A Vela

Sempre amante do mato e alérgica a mosquitos, ganhei uma velinha de citronela. Mas toda viagem acabava não acendendo a vela, que foi ficando e ficando.

Mudou comigo pra Sampa, me viu casar, engravidar, mudar de volta pra Campinas. Viu nenem nascer, fazer 6 aniversários. Viu-me deixar o trabalhado e voltar à escola, deixar a escola e voltar ao trabalho, descasar. Ô velinha que viu tudo de mim. Sempre apagadinha, à espera do fósforo que não veio.

Anteontem, na maior sinuca precisei de uma vela que alumiasse meu caminho. Procurei a de citronela. Acendi, ela apagou, acendi, ela apagou. Morreu de rir a Iracema, minha secretária: lá em casa não falta vela, por que sempre falta luz!

Joguei a vela virgem no lixo! Que desperdício, para uma alma econômica como a minha. Fiquei pensando nas outras economias sem sentido que já fiz. Os sins e os nãos que economizo, por preguiça ou medo de me queimar.

Hoje de manhã, comprei uma velinha nova. Elá já está queimando, cumprindo sua missão de iluminar meu pensamento.

sábado, 28 de junho de 2008

O segredo do sucesso

Juntei com a galera do trabalho e estamos escrevendo um novo blog... É um bebezinho de 26 dias e já tem mais de 7.500 acessos. Qual o segredo do sucesso? O assunto. Aumento de salário!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mulher é tudo palhaça*

Como toda mulher, adoro me gabar de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Trabalho, faço supermercado, busco filho, leio jornal, penso na vida. É o delicado equilíbrio do meu dia.

Mas tem horas, como agora, que a vida dá um nó. Trabalho demais, me concentro demais, falo demais, me preocupo demais, fico séria demais. Parece que agarrei um malabar e todos os outros foram ao chão - corpo dolorido de tensão.

Não combina comigo! Eu quero mais é me dividir, dispersar, calar, jorrar bom humor. Ser palhaça, trapezista, equilibrista do meu próprio picadeiro.

*inspirado no HTP, Homem é Tudo Palhaço.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Incrível Hulk

Que Sex and the City, que nada... Fomos assistir ao Incrível Hulk.
- Maneiro!
Agora, maneiro mesmo foi escutar o guri contar o filme pra minha mãe, com todos os detalhes. Por telefone! Interurbano!!!
Adoro telefone! E Grahan Bell é meu santo favorito ;-).

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Gatão e a Peladinha


Gatão dispensou a peladinha. Pra me ver!
E a rodada de cerveja, que se segue ao final...
Pensaram o quê? Que eu não tinha moral???

terça-feira, 17 de junho de 2008

Autocrítica

Quando criança aprendi a nadar e até competi. Hoje meu fôlego é mais ou menos, bem mais pra menos. Estudei violão durante anos, mas não toco. Aprendi judô e só sei mesmo é contar até dez em japonês. Fiz teatro com amigos, porém faltou um bocadito de talento.

Oh well, quanto tempo perdido... Não fosse hoje o prazer de nadar no lago Paranoá, cantar no chuveiro com relativa afinação, curtir uma luta de solo no colchão, ler em voz alta com boa dicção.

Sei que o resultado parece pífio, diante de tanto investimento. Mas não é que quem planta tempestade se arrisca a colher vento?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

As professoras

Sábado fui à festa aniversário de uma amiga que é professora. Foi ótimo! Boa música, piscina, cama-elástica, criançada, feijoada. Conheci uma porção de gente divertida, todas professoras primárias.

Sempre pensei que o esculacho fosse coisa das engenheiras. Mas, caraca véi, nunca vi uma mulherada que falasse tanta gíria! Deve ser influência das pequenas más companhias, neste mundo construtivista...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Meu vizinho Beagle

Já me disseram que eu tenho uma cara bovina. Mas provoque e verá minha verdadeira face. A de taliana sangue quente que dá um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra não sair.

Ontem o clima esquentou no trabalho, de novo! Com meu vizinho Beagle. Não que ele tenha tentado olhar dentro do meu decote, como de praxe, com aquele sorrisinho sob o escovão. É que ele cismou que manda. E logo em quem...

Dei corda e ele engatou o blábláblá. A certa altura aquele brilho tirano nos olhos me irritou. Controlei o impulso de jogar café na camisa dele, mas avisei que se segurasse bem na sela, ou a gente apeava ele de lá. Daí ele blábláblábláblábláblá. Pedi licença, virei as costas e ele ficou gritando “não me trate assim, volte aqui...” Cena de cinema!

Odeio abrir vácuo. Mas me senti ótima indo embora por aquele corredor, que parecia infinito. Entrei, finalmente, na minha sala. Alguns segundos depois a gritaria cessou. E eu fiquei lá quietinha, baixando os batimentos, pensando, jogando um sudô terapêutico.

Um tempo depois chegaram meus chefes (eu tenho vários!) e os amigos, prumódi assuntá. Resolvi deixar pra lá... Mas quem consegue não fazer alguma intriga? To até pensando em divulgar esse blog lá no trampo, quem sabe assim o Beagle fica ainda mais orgulhoso, não só por ter poder, mas também por ser famoso ;-).

Dois resultados positivos disso tudo: nunca mais terei que fugir do olho gordo do homem e não irei mais às reuniões chatésimas na sala dele. Amém!

Mas não é que hoje cedo, quando parei o carro no estacionamento do trampo escutei assim: psiu, pssiu, psssssssssssssssiu. Era ele :-{(. Fingi que não vi! Meu horóscopo bem que avisou que eu receberia provas de amor... Mereço tanto?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

12 de junho

Neste dia festivo não vou dar presente, pois meu amor é bem pouco exigente.
Só quer resistir até o próximo encontro, cumprir a palavra, amar com o corpo.
Passeia entre nuvens com todo cuidado, leva na coleira a paixão indomável.
É todo visão, audição, olfato, tato, paladar... Ávido por me aprender, dedicado a me devorar.

domingo, 8 de junho de 2008

Darwin

Quem ainda não foi, precisa ir ver a exposição que agora passa por Brasília: "Darwin - Descubra o homem e a revolucionária teoria que mudou o mundo". Vá bem alimentado e preparado pra passar umas boas duas horas, lembrar, aprender e sair maravilhado.

Entre 1831 e 1836, Darwin fez uma longa viagem de navio. Conheceu as Ilhas Canárias e do Cabo Verde, a costa atlântica e pacífica da América do Sul, Galápagos, a costa da Austrália, as Ilhas Maurício e o Cabo da Boa Esperança. Durante a viagem coletou plantas, animais e fósseis, e fez descrições detalhadas da natureza. Observou evidências e formulou hipóteses sobre as mudanças geológicas e climáticas do planeta Terra ao longo dos tempos e sobre a adaptação das espécies a essas variações temporais, bem como aos diferentes ambientes geográficos coexistentes.

De volta à Europa, desenvolveu em poucos anos a teoria da origem das espécies pela seleção natural, que manteve em segredo do público por quase vinte anos e que foi publicada em 1858. Temia a polêmica que causaria ao chocar-se com o criacionismo, que sustentava que a Terra tinha mais ou menos 6.000 anos e que todas as formas de vida tinham sido criadas ao mesmo tempo.

Só depois da publicação de sua obra foi inventada a máquina de escrever (1868), o telefone (1876) e a lâmpada elétrica (1879). Só bem depois foram produzidas as primeiras ondas de rádio (1888), realizado o primeiro vôo em avião motorizado (1906) e fabricado o primeiro automóvel (1908). E só muito e muito depois foi inventado o microscópio eletrônico (1931) e descoberto o DNA (1953).

Ainda hoje a teoria de Darwin continua universalmente aceita pelos cientistas. Este Darwin...

sábado, 7 de junho de 2008

Junina


O balão vai subindo
Vai caindo a garoa
O céu é tão lindo
E a noite é tão boa
São João, São João
Acende a fogueira do meu coração.
(domínio público)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Companhia

Meu pequenino assiste jornal comigo. Ele diz que gosta. Mas sei que ele gosta mesmo é de notícia sobre naves espaciais, bichos vivos, dinossoauros.

Depois ele conversa sobre o que viu. Faz mil perguntas. E eu acho adorável. Criança cresce, palavras e idéias se multiplicam.

Mas hoje nenhuma notícia passou nem perto de algo como: macaco mexe braço mecânico por telepatia (você viu essa?*). As notícias hoje não tinham nada de extraordinário.

Cansado, meu benzinho dormiu no sofá abraçado comigo. Beijei seus cabelos e fui beijada pela ternura.

* Espia. http://vistodesguelha.blogspot.com/2008/05/macacos-mexem-brao-artificial-com-mente.html

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Para abrir a porta

Não adiantou fazer força, empurrar a porta, gritar que abrissem. Bancar o lobo e soprar. Não adiantou, ela continuou fechada.

Tentou ser mais sutil: passou por baixo um bilhete, um cheiro de pão quente. Cantou uma música doce. Bateu palmas. Sussurrou "Abre-te Sésamo". Também não funcionou.

Tentou todos os seus métodos. Tomou chuva, depois poeira. Esperou perseverante. Perdeu seu tempo. Ela continuou imponente, fechada bem na sua frente.

Virou as costas, mudou de idéia. Manteve um só fio de lembrança do caminho que o levasse a ela. Deixou passar o tempo e muito depois voltou à cena. Encontrou tudo absolutamente igual.

Ficou bravo, se desesperou, chorou. Revoltou-se contra a porta injusta que não o deixava entrar.

Mas, agora, teve um estalo. Sou eu quem está dentro, o mundo está todo lá fora. Ele então vira o trinco, puxa com cuidado para dentro e pronto: a porta se abriu!

S. Dali. Maquette of the scenery for Labyrinth. 1941.

sábado, 31 de maio de 2008

Motivação

Há momentos em que o turbilhão interno é tão violento que nos paralisa. Quem está de fora não sabe o que se passa dentro. Vivi alguns meses em silêncio. Olhando pra os meus vazios, procurando um novo sentido para a minha vida. A impressão que eu tinha é que haveria uma completa revolução em mim.

Mas no curso dessa revolução calada, surgiu uma motivação inédita e já estou há duas semanas sem nenhuma melancolia. A nova motivação é real, mas também pode ser vista como um cenário que permite exercer minha velha e querida maneira de ser: conviver com pessoas, falar, ouvir, trabalhar muito.

Olhar para dentro é necessário: rever, mudar, procurar outro ponto de equilíbrio pessoal. Mas olhar para o mundo é mais. Dar-se a conhecer, conhecer os outros, trocar calor. Ter objetivos fora do mundo particular, que pode ser muito rico, mas que é certamente limitado. Talvez tenha chegado a hora de redistribuir os pesos, a importância relativa das coisas.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Com você

Tudo com você parece um campo florido
Florido, perfumado, colorido
Amo a natureza com cuidado
Por que é frágil e, mais que isso, perecível.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Despretensão

Se há alguns anos eu pudesse ver o futuro, não me orgulharia de mim agora. Meu esforço foi inútil, meus planos deram errado.

Por isso, não faço mais o que não quero. Cumpro a minha obrigação. Fora isso, sou livre. Se não tenho o que dizer, não telefono. Não sorrio pra quem não gosto. Não abro mais o meu mundo pra qualquer transeunte.

Em terra estranha, tudo fica mais fácil. Não há quem nos conheça, quem nos compare com a gente mesma, nenhum motivo pra manter a coerência.

Meus novos amigos não me devem nada, nem eu a eles. Mas me ensinam que há muitas formas de ser boa pessoa e que posso ter calma. No momento, tenho pouco para dar e espero receber só um pouco, que seja, porém, sincero.

Se há alguns anos eu pudesse ver o futuro, não me orgulharia de mim agora. Porém, agora, me orgulho e só da coragem de começar de novo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Saudades do Aurélio

Acho que foi no Natal de 2004. Dei pra minha mãe o Novo Dicionário Aurélio 3ª Edição de presente. Claro que eu tinha segundas intenções (com cedilha): ficar com a edição antiga, de 1986!

Porém, desde que comecei a trabalhar na repartição, cheia de pilhas e pilhas de papelada velha, ou melhor, quando comecei a conviver pessoalmente com "a história da instituição", me atacou uma alergia impressionante aos ácaros. O Velho Aurélio daqui de casa, que já tava todo desmilinguido por ser usado como escada pelo guri e amplamente dominado pelos acarídeos, teve que ser deitado fora na caçamba lá de baixo. Resultado: fiquei sem dicionário!

Daí em diante, sempre que pinta uma dúvida eu consulto o Google. A grafia com mais resultados fica acatada como correta.

Surgiu então a palavra preten(c ou s?)ioso.

Fui lá no Google:
pretensioso = aproximadamente 119.000 resultados
pretencioso = aproximadamente 331.000 (vencedor com ampla margem!)

Dei uma de São Tomé, vasculhei e achei um minidicionário Silveira Bueno escondido entre as minhas bagunças. Surpresa descobri que o Google faiô. Pretensioso é com esse, vem de pretender. Da mesma forma que cessão, com dois esses, vem de ceder!

Coisa, não??

A partir daí, fui acometida de saudades galopantes do Aurélio. Comentei com quem resolve e mamãe prometeu me dar um novo de presente na próxima data festiva. Viva!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Tempo

É bom lembrar que houve um tempo geológico para a formação das cordilheiras. Que passaram-se milênios entre a pedra lascada e os robôs filmarem Marte. E que se conta em décadas a vida inteira de um homem.

É necessário paciência, pois vão-se meses até a colheita do trigo. Dias para encontrar a quem se ama, horas para sentar à mesa.

E atenção. Pois são poucos os minutos até a asfixia e apenas segundos a duração do orgasmo.

Todo tempo - ínfimo ou interminável - tem a sua importância. Às vezes é preciso pensar o futuro longínquo, que nem mesmo será nosso. Outras vezes, esquecer o dia, perder a hora, deixar-se envolver na passagem ritmada dos segundos.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rodízio

Virou mania. A caminho do rodízio, a gente tara na farmácia e se pesa de novo na volta.

Pois hoje o moleque comeu: 4 pedaços de pizza (!) + um suco de laranja + um sorvete com calda de chocolate = 800 gramas.

- E você, mamãe?

Subi na balança e constatei atônita: 1 quilo! É exagero, eu sei, mas se pode ser usado como atenuante, tomei dois chopes (!!!). Daí o moleque me sai com essa:

- 1 quilo? deve ser por isso que você tá gorda que nem uma porca. Me olhou de cima abaixo e corrigiu - Quer dizer, tá fina que nem uma iguana!

E voltamos pro nosso galho dando risada, os dois magrelas.

PS: aos domingos o eixão (maior avenida de Brasilia) fecha. Ontem eu caminhei, palavra!

domingo, 18 de maio de 2008

Contraponto

Maitena

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Balanço da semana

Massante. Trabalhei de madrugada preparando reunião que não aconteceu; tive insônia à noite e sono de manhã; dor de cabeça com a campanha salarial; me aborreci com as notícias do jornal.

Em compensação, sonhei que tinha um enorme tatu na minha cama; que recebia uma dinheirama e comprava um belo apê; que revia o mocinho intrigante e que morria de rir com o povo do trabalho.

Meta pra próxima semana? Inverter sonho e realidade: tratar bem o tatu e não reclamar dos pesadelos.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

As paixões

Sempre tive propensão às paixões. Pelos homens, certamente. Casei-me aos cinco anos na festa junina no Jardim de Infância. Aos sete, estava apaixonada por outro, que sabia desenhar letras na areia do parque. Dessas seguiram-se outras: uma a cada ano ou dois, por outros homens. Mas não só por eles.

Custou, mas me apaixonei rigorosamente por todas as cidades onde vivi. Uma por ter o mar e a minha infância, outra pela bicicleta e os amigos da adolescência. Outra ainda por causa da universidade e a minha primeira vez em quase todas as coisas bacanas da vida. E mais outra pela independência e a intensidade dos meus vinte e poucos anos. Depois, mudar de novo e de novo. A cada mudança um susto e depois do ódio a adaptação, seguida da paixão.

Tive também as minhas paixões pelo trabalho: a refinaria, minha e dos operários; a fábrica de papel, meu trabalho mais longo; o laboratório de saneamento; a repartição. Experiências muito empolgantes entremeadas, é claro, por outras bem blasé.

E as viagens? E a música? E os livros? E a escrita? E o cinema? E dançar? São todos capítulos à parte!

Revendo a minha história concluo: não posso evitar as paixões. E elas são sempre longas, por que eu tenho apego. Duram, em geral, até que surja uma próxima. Às vezes são absorventes e exclusivistas, outras vezes coexistem com as outras paixões. Às vezes morrem, pra brotar mais adiante. Nunca me matam, sempre me movem. Sutis como a chama da vela ou incontroláveis como o incêndio do século são elas, as paixões.

domingo, 11 de maio de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

Amor de mãe

Quase tudo que eu sei, aprendi com minha mãe.

Aprendi que homens e mulheres deviam ter direitos iguais: enquanto eu secava a louça, meu irmão limpava o fogão.

Ela me ensinou que uma mulher tem seus ideais e deve ganhar o mundo. Que o trabalho traz independência e que quem paga as próprias contas é dona do seu nariz. Mas me ensinou também que o lar é o nosso universo particular e merece cuidado. Lá a gente ouve Belchior e lê poesia e é de lá que a gente vê o mundo.

Aprendi com ela o que toda mãe devia saber: que comida tem que ser saudável, que criança não vê novela e que tem hora de dormir.

Ela me ensinou o ofício de equilibrista. E cá estou a girar meus pratinhos no ar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mau humor

Quero ser independente, mas quando a pressão aumenta eu me condenso e tomo a forma do recipiente.

Se esfria demais eu me congelo e fico insuportável; mas com o calor derreto, fluida e adaptável.

Não me esqueça ao relento nem me aqueça em demasia, do contrário evaporo e vou chover noutra freguesia.

Como a água, tenho as minhas fases, quase ninguém atura. Fluida? Só em condições favoráveis de pressão e temperatura.

sábado, 3 de maio de 2008

Saudades de não saber

Antigamente, o pai segurava criança com um cigarro aceso no canto da boca. Cigarro não dava câncer.

Andar descalço não dava verme e era permitido acarinhar cachorro da rua. Não tinham inventado o pit bull.

Era normal jogar lixo da janela. Atropelar tamanduá ou lobo guará não era crime. Espingarda de chumbo era brinquedo e matar passarinho, molecagem.

A gente levava pito por deixar a luz ligada, mas lavava quintal e calçada. Não havia falta d'água nem conta no fim do mês.

Tomar sol sem protetor te deixava vermelho e ardido, mas não causava câncer de pele nem envelhecimento precoce. Não existiam os raios UV, nem a camada de ozônio.

Uns dias eram mais quentes, outros mais frios e o homem não tinha nada a ver com isso. Era coisa da natureza.

Antigamente era tão bom...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Supermercado é divertido?

Porque certas idéias bobas vivem me tentando, resolvi experimentar o Carrefour Bairro da 308. Pensei que podia ser divertido: novas gôndolas de verduras e frutas, vinho para logo mais à noite, algum chocolate diferente. Variar do mercado popular que é meu vizinho.

Mas surpresa! Não tinha quase verdura, as frutas eram as de sempre, nenhum vinho tinto em promoção. Entre a minha frustração silenciosa e a gôndola de maçãs, um homem de seu metro e oitenta, camiseta do supermercado, chora. Rosto vermelho, olhos perdidos no infinito. Mas por que? Será que o gerente o mandou embora? Será que a mocinha do caixa terminou o romance? Serão lágrimas de saudade?

Meio minuto de espanto e sigo adiante, juntando coisas no carrinho. Meu filho escolhe tic-tacs, chocolates, salgadinhos, que discretamente vou deixando prá tras sem que ele veja. Começo a me preparar psicologicamente para a conta dessa meleca de supermercado, capaz de me arrancar alguma lágrima também.

Divertido mesmo seria comprar na Casa Santa Luzia em Sampa, na General Foods em Campinas, ou similar aqui em Brasília, por sugestão de algum internauta amigo - quem se habilita?. E de lá sair carregando uma sacola só, é claro, por que dinheiro não cai do céu!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Primeiro de maio

Se o trabalho dignifica e só amor constrói, neste feriado fiquei mais digna e construí, no trabalho amoroso de melhor mãe do mundo. :-)

Uma salva de palmas a todas as mães trabalhadoras, à minha avó Cristina e à minha mãe.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Devaneio romântico

Um dia qualquer de sol ou chuva, essa semana ou no ano que vem, o futuro baterá à minha porta. Me encontrará descalça, após o banho. Entrará, me olhará nos olhos, falará bobagens, flutuará comigo no universo úmido do querer. Sem plano, sem programa, sem susto ou telefonema. Como abelha que encontra a flor, como fruta que cai do pé. E eu lhe farei companhia como a um velho conhecido... Afinal, que é o futuro se não versão concreta, edição revista e ampliada do devaneio presente?

domingo, 27 de abril de 2008

Domingo no Parque (2)

Os carros ainda estão molhados da chuva torrencial, que me levou cedo pra cama ontem. Amanheceu, o sol brilha no céu sem nuvens. São 7:30. Meu filho me acorda, eufórico pra sair.

Algum tempo depois, estamos à beira da piscina. Duas meninas negras de cabelo trançado e biquínis coloridos brincam ao nosso lado. Uma loirinha numa bóia de cisne cor-de-rosa é puxada pela mãe. Outras crianças, com água mineral na altura dos joelhos, escolhem pedras, quartzos, seixos. Pais lêem jornal, cochilam, cuidam dos pequenos. Avós de maiô se molham na água fria, cercada de cerrado. Jovens tatuados tomam sol e conversam entre si. O burburinho de vozes indistintas soa como música aos meus ouvidos.

É domingo. As pessoas comuns que habitam essa cidade de poder e vaidade procuram diversão gratuita, junto à natureza exuberante do Parque da Água Mineral. Trazem laranja, biscoitos, suco, toalha, jornal. Estou em casa. Aconchego e simplicidade que lembram o lar. Não sou daqui, não conheço ninguém, mas tudo isso é meu também.

Água Mineral é o nome popular do Parque Nacional de Brasília localizado a + ou - 10 km do Plano Piloto, na porção Noroeste do DF. Atualmente, a Vigilância Sanitária tem exigido apresentação da Carteira de Vacinação contra Febre Amarela, como condição para o acesso. Nem adianta chorar. + info em: http://www.ibama.gov.br/revista/brasilia/texto_brasilia.htm

Quanta ingenuidade

Voltando do Parque "Água Mineral" pelo Eixo Monumental, cantando um samba com Adriana Maciel, paro o carro no sinal mais próximo ao Memorial:

- Mamãe, como foi que o Juscelino Kubitschek morreu?
- Morreu de velho meu filho.
- Hã?
- De velhice.
- Hã?
Abaixo o som e respondo de novo:
- Ficou bem velhinho e morreu!
- Não, mamãe: o carro dele bateu num caminhão e ele morreu na hora. A minha professora falou.

(Falta de) Moral da História: não consigo mais enrolar nem um guri de seis anos!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Da janela



Da minha cadeira, vejo as pontas da Catedral entre as árvores e um céu muito azul. Seria o lugar perfeito para a mesa do meu colega, que trabalha nesta sala há mais de 20 anos e é um homem cristão. Porém, ele se senta de costas para a paisagem.

Aqui, só eu abro e fecho as persianas, pois sol e chuva me atingem primeiro. Minha mesa é de segunda mão, o pé da cadeira desvia de um buraco no chão. Isto é uma repartição!

Mas é dessa cadeira que eu vejo além. Este ângulo é só meu e vai ficando em segredo... Até que alguém se sente no meu lugar, ou bem perto, e com tempo e paciência possa achar graça na beleza que, casualmente, olha pra mim.

terça-feira, 22 de abril de 2008

É tudo verdade!

- Como tem passado?
- Mais ou menos, doutor.
- Como se sente? Doente?
- Não, briguei no trabalho. Quero um atestado de dois dias...
- Hã... Pode ser por depressão??
- Não, eu gosto mais de amidalite! :-)

Saiu do consultório apressado, foi pra casa e começou a sentir a garganta. Passou cinco dias de cama, inclusive o feriado de ontem. Ô azar-da-muléstia!

domingo, 20 de abril de 2008

É chato ser pequeno

- Mamãe, posso levar esse?
- Hellboy?! Deix'eu ver a censura...
- ... - silêncio, olhos fixos, apreensão.
- 14 anos!
- Ah mãe, vai! Meu pai até já me deu um quebra-cabeça de 7 anos...

sábado, 19 de abril de 2008

Dezenove

Voltando pra casa pelo Eixão, 80 km por hora, emparelha um Fiat do meu lado. Dois meninos bonitos me sorriem: ei, vamos com a gente pro bar? Desemparelho, penso um pouco, eles voltam pro meu lado. Dou uma risadinha:
- Eu tenho 10 anos mais que você.
- Quantos anos você tem?
- 34.
- Quantos anos você acha que eu tenho?
- 24.
- Não! Eu tenho dezenove!
Desemparelho de novo, me sentindo bem gatinha. Voltam pro meu lado e ainda escuto:
- Eu não me importo! Idade tá na cabeça.
Eu acelero. Nada importa, até que eu lhe dê a primeira pérola dessa minha cabecinha idosa.
Ah se eu só tivesse vinte-e-nove! ;-)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma colher de chá, das de sopa!

Várias coisas estranhas vem acontecendo na repartição por conta da campanha salarial. Bafafás mil, alguns e-mails fora de lugar e pimba. Um amigo em apuros.... Bati o ponto e fomos esfriar a cabeça. Muito papo depois chegamos à óbvia conclusão de concordar com o advogado de outro amigo presente: se pensar não fale; se falar, não escreva; se escrever, não assine; se assinar não envie. E meu amigo em apuros justamente por pensar, falar, escrever, assinar e enviar... tudo ao mesmo tempo e sem nenhuma papa la língua.

Foi exatamente por esses desentendidos que saímos juntos e fomos buscar meu filho na escola. Chegamos cedo. Tão cedo que reencontrei vários pais de crianças que há muito eu não via. Meu amigo, um pouco em crise, quis conhecer o Jardim de Infância e ver o que faz dele uma das melhores escolinhas daqui. Ficou visivelmente feliz em rever uma escola pública em bom estado. Lembrou-se da infância...

Saindo de lá, happy no boteco mais tradicional da cidade. E quem eu encontro? Um amigo de segundo grau, que não via desde 1990. Há 18 anos inteiros! É muito tempo.... Aquele momento foi como voltar ao último dia em que nos vimos. Foram 20 minutos reveladores em cada palavra e em cada olhar. Esse passado ficou registrado indelevelmente. O cara está ótimo, como eu nunca duvidei que estaria. Permanece especial no transcurso do tempo. Eu também estou bem. Um pouco só, mas isso não vem absolutamente ao caso. Nos despedimos, mas seu sorriso fica na minha retina, nunca me deixou. O tempo passou e um pedaço desse sentimento ainda sustenta o pilar de quem eu sou. Acho que não nos reencontraremos tão breve. Podemos marcar qualquer coisa, mas não vamos. Por que o amor verdadeiro não morre. Ele fica guardado, aprisionado e não pode mais sair.

Então foi assim que um dia estranho e desagradável me levou a um caminho diferente -transbordar de sentimentos - trazendo um pouco mais de sentido à minha vida, que andava chocha fazia uns dias. Hoje o passado e o futuro se beijaram de língua, bem na minha frente. Uma colher de chá de mel na minha boca, das de sopa!

Presente

Mudar o trajeto pro fim
Só pode trazer um fim,
diferente do esperado
Conduz a nossa razão
a espiar pelo outro lado
e o presente a se dar
como nunca imaginado.

Mudar o trajeto e buscar,
quem querido ficou na estrada
Ter braços pra abraçar,
boca pra ser beijada
Mudar o trajeto pro fim
E pensar que o mesmo trajeto
É que foi o presente pra mim.

sábado, 5 de abril de 2008

Tempos modernos

Visita dos meus pais e meu filho sem nenhum motivo pôs-se a cantar:

Com quem será, com quem será que a minha vó vai casar?
Vai depender, vai depender se o meu vô vai querer.
Ele aceitou, ele aceitou, teve dois filhinhos e depois se separou.
Passou um mês, passou um mês e casaram outra vez.

Rachei de rir e pensei no meu post de ontem... "Quem já aprendeu amar assim?" Não sei de onde ele tirou essa, mas definitivamente meu guri está no caminho!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A imagem do amor

Sempre pensou casar-se, ter filhos, viver uma história de amor para sempre. Amor em que as vidas se fundem e irremediavelmente se entregam.

Com grande sorte, venceu a espera e encontrou o homem certo. Realizou sua imagem mental de amor: encantou-se, entregou-se, cedeu, concebeu. Viveu seu tempo, seu caminho natural.

Mas viver o sonho tem um preço. O dela foi desfazer-se de outras vontades, de outros amigos, de outros prazeres. Deixar um pedaço de si em cada pequeno desvio, a fim de retornar ao caminho imaginado. Conceder favores em troca da manutenção do acordo implícito. Ceder muito além da própria capacidade. Foi aí que se viu repleta de razão e vazia de sentido.

Então, bem por acaso, ela foi desafiada na sua última capacidade de ceder. E não tendo mais o que dar, entregou-se como última oferenda à velha vida. Desfez-se de si mesma. Sem mais nenhuma posse, nem razão de apego, vazia mesmo de expectativas, ela finalmente resolveu se libertar daquela imagem de amor.

É certo que uma mudança assim não se faz da noite para o dia. É preciso acostumar-se com a perda e aceitar a nossa própria presença como suficiente. É preciso aprender a ver os outros e dissociar-se deles. Parar de esperar o extraordinário e apaixonar-se pelo presente. Quem já aprendeu a amar assim?


*imagem: Pablo Picasso, Mulher ao Espelho, 1932

terça-feira, 1 de abril de 2008

Razões pra ver o blog

Acompanhe este blog e descubra como ser mulher e mãe e não deixar a peteca cair, como trabalhar pouco e ganhar bem, como amar de novo após a separação, como manter-se bonita, bem informada e de bom humor os 30 dias do mês!

Luiza Caetano, Palhaça Lou com Chapéu. http://luizacaetanaif.arteblog.com.br/



Primeiro de abril!!!!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Domingo no Parque

Meu amigo e companheiro de exílio R já me disse que vai embora. Vou ficar de novo sozinha por aqui. Sem companhia para o nosso projeto comum, idealizado por ele e intitulado: Socialização em Brasília.

Foram bons meses de projeto. Toda quinta uma baladinha inofensiva. Toda quinta a descoberta de um novo ambiente, um bom papo e um perdido no salão. Bons tempos... Já fiquei com saudades mesmo antes da despedida.

Então e por isso, convidei R para um passeio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. São 260 km. Vamos conversando sobre Brasília, trabalho e as inevitáveis mudanças de vida. Na chegada, encontramos a Vila de São Jorge tranquila, praticamente vazia. É o fim-de-semana seguinte à Páscoa, nos demos bem!

O domingo é um mergulho na natureza, de todos os cinco sentidos. Entramos no Parque e somos brindados com o perfume do cerrado, o som das águas abundantes do rio Preto, a beleza de cada detalhe.

Vamos seguindo a trilha das cachoeiras. O Parque, administrado pelo IBAMA, tem uma legião de guias bem treinados. O nosso vai contando a história do lugar. Os buracos ainda abertos de antigos garimpos de cristal, as flores coloridas do cerrado (mimosas, pali-palãs...), as aves, as pegadas de tatu, os acidentes nas cheias - tudo vai sendo costurado de acordo com a nossa curiosidade. Vamos seguindo a trilha, que totaliza 9 km, e leva a duas cachoeiras, de 120 e 80 metros.



Entre cachoeiras, o rio Preto se espalha caudaloso e não dá pé. Entro nele e não quero sair mais. A cachoeira encrespa as águas, os peixes beliscam meu pé. Não posso pensar em nada. Só existe o presente, a respiração e o estrondo das águas.

Já de volta à nossa simpática pousada, R e eu conversamos animadamente sobre esse dia. Vamos voltar para Brasília. No caminho de volta o assunto são planos e expectativas para o futuro. Eu fico por aqui, ele volta pra São Paulo.


PS.: Para saber mais sobre o Parque acesse http://www.ibama.gov.br/parna_veadeiros/

terça-feira, 25 de março de 2008

Progressos pós-separação

Logo no princípio, eles nem olhavam pra mim. Um dia, começaram a puxar assunto. Mais adiante mereci uma noite feliz e um perdido para sempre. Depois, passaram a telefonar no dia seguinte e fui convidada pra um cinema.... entrei até na lista de um, que sedutor ensaiou se tornar meu amante.

Pra alguém que não espera nada, até que não estou me saindo tão mal. Nesse ritmo, não sei onde vou parar. Estou aprendendo depressa a me virar nesse mundo cão.

Só espero não acabar encontrando algum príncipe encantado. Mentiroousa...