sábado, 29 de novembro de 2008

Sonhos tão inocentes

Eu namorava. Vivia o auge da paixão e fui jantar com o moço, um homem lindo, por sinal. Entre um beijo e outro ele me contou o sonho da noite anterior, que eu nunca mais esqueci. "Eu ia de bicicleta a um lugar que não me lembro, quando apareceu uma enorme cobra. Ela não me deixava passar. Era tão longa que eu não podia contornar. Eu estava preso".

Naquela noite não dormi bem, pois soube instantaneamente que a cobra do sonho era eu. Os dias que se seguiram confirmaram isso. Ele foi lentamente se revelando pra mim. Falando a verdade, desmanchando os sorrisos, me empurrando para fora. Eu fui andando pra trás e saindo. Não havia nada que eu pudesse fazer. Estava acabado.

Acredito que todas as pessoas têm dentro de si um serzinho invisível, que carrega uma lanterna e uma foice, e que sabe um pouco antes da nossa consciência, qual a nossa decisão final. Esse ser às vezes se comunica. Atravessa do sonho para a realidade, ou surge quando o corpo exausto já não domina bem a razão. Quando ele dá um veredicto, tudo se cala. Seu nome é intuição.

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