sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tô me guardando pra...

... quando o carnaval chegar

Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar

(Chico Buarque)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Confissão

Eu já lutei, desesperadamente, pelo que não seria meu. Renunciei ao que gostava, só por medo. Já cortei caminhos, para um fim que não aconteceu. Deixei de ver a vista, por causa da pressa.

E continuo fazendo isso, porém com mais cuidado. O tempo passa, a gente aprende. É precioso o presente. Rio sozinha do que vivi, a minha história. Os momentos de coragem não saem da memória.

Onde vou, não estou bem certa, mas quero viver bastante. Abraçar o que me desperta e saber que sou mais livre do que antes.

domingo, 25 de janeiro de 2009

A voz do menino

É doce ouvir a voz do menino, nesta noite de domingo. Ele joga dominó com o avô e a avó, longe dos meu olhos. Ele está feliz, por que ganha o jogo. Eu estou com saudades maiores que o mundo.

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"A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
mas se o neto Ricardó
mas se o neto travessó
vai à casa da avó,
os dois jogam dominó."

Cecília Meireles

sábado, 24 de janeiro de 2009

Alguma coisa útil


Seu carro tem rodas de liga leve? Então ponha as barbas de molho. Outro dia, fui jantar com um amigo depois do expediente e, em plena Asa Sul, encontramos o carro do moço sem as rodas do lado do acompanhante.

A primeira reação do meu amigo, depois de xingarmos até a última geração do ladrão, foi ligar para o Seguro. Só pra descobrir que o Seguro não cobre, por que "roda é acessório". Realmente, roda é item dispensável num carro, né mesmo? A pedida era vir o guincho e o carro ser levado pro depósito, lá no Sia, já que o Seguro sequer empresta rodas para o cidadão ir embora no meio da noite.

Mas, meu amigo teve uma ótima idéia: usar os nossos estepes. Meu carro é da mesma montadora, apesar do aro ser um número menor do que o dele. Como os pilantras deixaram os parafusos, colocamos as rodas e fomos embora.

O Seguro mandou o guincho, que foi embora vazio. Mas o motorista, gente boa, nos deixou umas dicas interessantes: (1) roubo de roda tá super comum, tem uma quadrilha solta no pedaço; (2) existe, no mercado, um tipo de parafuso com segredo, aberto com uma chave especial, que impede que o ladrão solte a roda; (3) boletim de ocorrência pode ser feito via internet.

E foi assim que, pela primeira vez, esse blog falou de alguma coisa útil. Pois é, pois é.

Moral da história: se quizer que nada lhe aconteça, não se mexa!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mulher das cavernas


No momento, duas preocupações tomam completamente a minha mente: cavernas e a possível futura casa.




Será coincidência ou alguma conjunção astral? ;-)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Fogo e vidro estilhaçado

Hoje eu queria um homem ao meu lado,
com quem falar do fogo e do vidro estilhaçado.
Ah, viver é perigoso e dá trabalho...
O acidente me lembrou - na suficiência comigo mesma,
que uma pessoa não se faz só
e quem foge dos outros, como eu, não é abraçado.
Minha boca ainda tem gosto de queimado.
Mas não foi nada. Só fogo subindo o pano de prato
e um vidro de fogão quebrado.

Já passou.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Paciência

Passa estação, dentro desse vagão. Luz e escuro, escuro e luz outra vez. Freia e acelera. Alguém bate sua carteira, alguém segura sua mão.

Tudo passa: ilusão e raiva. Paixão passa, desmancha dor. Novas linhas na sua cara de tanto rir e chorar.

Tudo é lento demais a passar, só até que evapore no ar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Contando carneirinhos

Tantas coisas pra fazer e não consigo dormir. Tomei chá, escrevi a lista de amanhã, pernilongo sacana me picou.

Se eu vencer os desafios de janeiro, juro que asso uma perna de carneiro.


Registrado em ata, às 2:52 da madrugada de 13 de janeiro, lua cheia.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Como se come e vive o gosto da comida

Todo mundo gosta do que é bonito, cheiroso, saboroso e delicado ao toque. Porém, cada pessoa percebe de forma diferente a luminosidade, o contorno, a profundidade e, quem sabe, até as cores.

Tudo que já foi inventado pra agradar nossos ouvidos, paladar e olfato, acho que não é nem um centésimo do que ainda vai se criar, se os homens não se matarem antes. A pele, maior órgão do corpo humano, tem sabor, textura, cheiro e cor, e é capaz de captar estímulos mesmo enquanto dormimos.

Se a imagem, o som, o aroma, o sabor e a textura causam sensações distintas em cada pessoa, o que dizer então da combinação dos cinco sentidos em cada indivíduo, a cada momento da vida?

Por essas e outras, não quero ser escrava da razão. Dizia a minha avó que quando a cabeça não pensa, o corpo padece. Talvez nem sempre. Às vezes, é quando a razão não atrapalha, que os sentidos captam melhor as ilimitadas possibilidades e surpresas que pairam, sutis, ao nosso redor.

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Vou experimentar um dia
O delicado da vida
Vou aprender
Como se come e vive
O gosto da comida


Que o Deus Venha. Clarice Lispector, Cazuza.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Para você!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Então me diga

o que você come? que bebida prefere? o que te seduz e o que te repele? a que horas dorme? de que tem vontade? o que vê neste blog? de que tem saudades? a quem você ama? a quem não suporta? o que quer comprar ou varrer da sua porta? tem tesão pelo cravo ou pela rosa? que parte do seu corpo é mais gostosa? por onde andou? quem te chamou?

sábado, 3 de janeiro de 2009

Abrir a casa!

Quase um mês a casa fechada. A lâmpada do escritório queimou, a moringa secou e, mais uma vez, meu ficus sobreviveu sem nenhuma água. Tudo está um pouco empoeirado, mas do jeito que foi deixado.

A máquina lava a roupa suja do ano passado. Enquanto isso, retorno ao cotidiano, observada pela árvore de flores alaranjadas, que quase invade minha janela. Entre mim e ela só a tela.

O que há de novo em dois mil e nove? Nem o mundo, nem a árvore, nem eu. De novo, por enquanto, só o nove. Tudo está como foi deixado. O novo espera, latente, brotar do desejo ilimitado, de muitos planos e das pequenas atitudes cotidianas.

Tim tim, feliz Ano Novo!