sexta-feira, 16 de julho de 2010

primeiro mês

A minha janela não tem mais vista pra Catedral de Brasília. Não frequento mais o Eixo Monumental, nem passo na frente do Conjunto Nacional. Não brigo mais por um pedaço de chão minerável. Não tenho mais uma sala com sofá e plantas na janela. Não sou visitada por amigos do trabalho e nem faço agitação contra o status có. Não bato mais o ponto. Não tenho mais um cargo em comissão.

Agora eu ando noutra banda, uma ponta de asa. Divido sala com 3. Não sei o nome de quase ninguém. Já tenho 6 contratos pra chamar de meus. Observo um ou outro cara bonitão no corredor. A partir da semana que vem, viajo a trabalho. Fiz um despacho e uma nota técnica, já participei de um curso e de um churrasco. Compro pão de mel do vizinho do térreo.

A vida virou, mas eu ainda sou, Querido Diário.

3 comentários:

pedro mendonça disse...

É uma pena perder a beleza da capital, ficar num canto, longe do eixo monumental.
Quando se cresce, o ninho fica no quintal.
Agora a janela com flores mostra um ninho de carcará, aninhado na auraucária da petrobrás.
Voam com ramos no bico até o topo do pinheiro para procriar.
Herdei a assombração que ronda teu cargo em comissão. Qual umA rocha fria e dura que cobre o caixão.

Feliz quem tem do que sentir saudades.

Klotz disse...

No novo endereço, breve terá amigos para chamar de seus e, se afastar a cortina, verá que o céu é azul.

Amarilis disse...

Querido Klotz,
Acho que sim. Além da companhia das árvores tortas do cerrado, dos passarinhos cantores e dos pernilongos nas noites de hora extra.
Beijo procê.