sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Medo de avião

Bom tempo longe do mundo virtual. Tragada pela realidade. Ainda espero o sexto trecho de vôo que me levará pra casa. Nunca mais consegui me divertir num avião, depois de choques no ar, falta de freios, explosões. Uma pitada de neurose, moída fina.

Sentir medo faz mal. Ter medo da morte, mesmo que seja o medo irracional de um acidente aéreo, redistribui o grau de importância das coisas. Subo num avião e antes da decolagem penso que tudo o que eu quero na vida é chegar bem ao meu destino. Faço a minha oração torta, de quem não acredita em Deus. Nada mais importa, enquanto a vida fica literalmente suspensa no ar.

As minhas superstições afloram. Avião com criança, embarque de família inteira é bom sinal. Uma voz suave avisando a turbulência, tranquiliza meu coração acelerado. Quando soa o tindón, sorrio ao ouvir o piloto desejar bom fim de semana, ainda no meio do caminho. Depois disso, o avião não pode cair mais. E quando aterrissa me emociono e controlo pra não aplaudir o grande feito, a vida que me foi dada de volta.

Quando eu não tinha medo, viajar de avião era diversão. Agora enseja uma filosofada. Depois de fantasiar tão de perto a morte, pequenas coisas voltam a parecer pequenas. Planos frustrados, dinheiro gasto errado, paixões platônicas, tudo perde um pouco o drama, a sisudez, a gravidade.

Um comentário:

Mulher Solteira disse...

Que lindo, querida. Bom te ler de novo e saber que você chegou bem.
Um beijão.