terça-feira, 12 de agosto de 2008

Dia de Fausto

Nem todo mundo escolhe amigos pela posição social. Nem todo mundo transa pra se promover. Nem todo mundo sonha dar o golpe do baú. Isso é trivial. Mas também é trivial que uma hora apareça alguém que queira nos comprar. Então riremos, se a oferta estiver aquém do nosso amor próprio. Balançaremos se ela for razoável e talvez até topemos, se ela parecer muito boa ou fácil demais.

Não sei se todo mundo tem mesmo um preço. Sei que ainda não me arrebataram. Hoje, porém, fizeram-me uma oferta, daquelas de rir. Meu amigo M, que acabou de voltar das férias, quando soube da história me disse assim: foi seu dia de Fausto, Mefistófeles pôs a mão no seu ombro.

Eu - que ainda não li Fausto, não fiz meu preço e teimo em escolher meus amigos pela perspicácia (deles) - fui buscar a história no Google. M, como sempre, tinha razão, guardadas as proporções. Nunca terei o glamour de um Fausto e meu aspirante a comprador vai ter que treinar muito pra chegar aos pés do diabo.

Mais sobre Fausto, veja: http://paginas.terra.com.br/arte/dramatis/faust2.htm

Sewekow. Faust-Zyklus (2007)

Um comentário:

pedro mendonça disse...

Acontece que fausto tinha uma namorada. Gretchen era o nome dela. Mefistófoles não tinha poder sobre ela, pois seu coração petencia a jesus. Mas é preciso dizer que a história toda começa em uma aposta. Quem apostou? Deus e o diabo! Deus apostou com mefistófoles que ele, o diabo, não arrebataria a alma do velho fausto. Na verdade o drama fáustico é uma alegoria, ou uma antevisão do ser humano moderno. O que é um ser humano moderno? Segundo Goethe, o autor do drama, o moderno é aquele que rompe com a ordem divina, abandona o medo do inferno e goza a vida, sem se sentir culpado, mas há um preço. A mudança de visão de mundo custa ao ser humano uma tomada de posição. E a crise aparece, pois nunca saberá se fez a coisa certa.
Sobre o preço de cada um, é claro que dependendo do nível intelectual, o preço sobe, ou a posição a ser tomada não se relaciona com valores ou coisas, mas sim com prazeres ou sentimentos. ninguém no mundo moderno vive sem tomar posição, mesmo que contraditoriamente,vivamos na maior solitude possível. Em Borges há grandes pasagens sobre a história universal da infâmia, talvez exista algo que ilustre a situação vivida no dia de fausto. Só para finalizar. O minotauro não seria alguém amedrontado, acuado, invadido em seu território, sendo assim, ele apenas se defendia. Ou aquela aberração, como diz o mito, foi uma punição pela união entre homens e deuses, a qual todos os inocentes pagariam por isso? Na dúvida é melhor despachar para o seu orixá!

assinado M.