sábado, 9 de agosto de 2008

Dois italianos envolventes

Não foi há tanto tempo assim que descobri o prazer de ficar só. Não falo de uma solidão sistemática e diária, que não almejo. Mas viver por alguns dias o descanso sem ritmo de quem não tenha família nem amigos nem preocupação alguma. Sair numa caminhada noturna, perder três horas numa livraria, dormir até meio dia, beber vinho em casa, no silêncio ou na música, pensar sem interrupção.

Nessa tranquilidade, me vi acompanhada de duas figuras italianas absolutamente envolventes: Olinda e Carlo Antonini. Olinda é personagem do filme argentino Herencia, italiana dona de restaurante que vive em Buenos Aires desde o fim da Segunda Guerra. Carlo Antonini, personagem do livro O Conto do Amor escrito pelo psicanalista Contardo Calligaris, também é psicanalista, reside em Nova York e vai à Itália para desvendar o passado de seu pai.

Tanto filme quanto livro falam do presente e da Segunda Guerra, da afetividade sutil e delicada dos que amam. Ora as relações de amor estão no foco, ora o tempo em que se dão. São duas obras comoventes, valem cada minuto. Enquanto duram, nos dão a sensação de sermos parte do enredo. Quando terminam, nos fazem lançar um outro olhar a nossa própria história. Se as personagens têm paixão pela sua, por que nós não?

Um comentário:

Mulher Solteira disse...

Ah, como a arte ajuda a gente a embalar as nossas próprias pequenas solidões...

Os livros e filmes também me já me fizeram muito boa companhia!

Beijinhos...