segunda-feira, 2 de março de 2009

Conviver com o diferente

Felizmente não vou precisar inventar teorias pra ensinar meu filho a conviver com o diferente. O mundo já está fazendo a parte dele.

Cada dia cai uma barreira. Primeiro foi o muro do condomínio em que eu morava e não moro mais. Meu prédio não tem vigilância 24 horas e não tem cerca. Brasília não permite muros. Quando chove, às vezes algum passante ou mendigo se abriga debaixo do meu prédio. Adolescentes se reúnem. Um casal de garotas namora. O espaço é público.

M. me contou que Lúcio Costa planejou Brasília com prédios de até seis andares, por que essa é altura da qual a mãe pode chamar o filho da janela. E eu chamo. Minha janela dá vista pro parque.

Tenho vontade de me associar a um clube. Mas dá preguiça. Então vamos nadar no lago, apanhar limão ou amora no pé, dar uma volta de bike pela quadra. Quem é a criança de cidade grande que ainda pode fazer isso? Lógico que um ambiente mais restrito seria mais tranquilo, sem cachorro solto da coleira, sem gente assando churrasco ou querendo dividir a sombra da árvore que você viu primeiro. Mas de novo a habilidade de conviver é posta à prova. Eu também preciso aprender.

Às vezes é difícil explicar por que, podendo pagar, pus meu filho numa escola pública. Não que esteja me sobrando dinheiro para uma escola cara. Mas, como diz o Espanhol Juan Manuel Serrat, parto do princípio que "no hay que confundir valor e precio". A escola é a primeira comunidade. A troco de quê, então, separar os pequenos de acordo com o bolso dos pais? Se existe uma escola pública boa, acho que vale a pena estar nela. Nem que tiver que dormir na fila.

Enfim, acho que não há preço para o convívio com o diferente. Não há por que se limitar. O mundo é grande e cabe inteiro dentro de uma cabecinha aberta, curiosa, e que saiba gostar do que é diferente. E sermos diferentes não é então o que nos faz mais humanos?

3 comentários:

Mulher Solteira disse...

Ei, queridona!
Se é que isso é possível, te admiro mais a cada dia.
Ia dizer por que, mas é meio óbvio, então fica só a declaração mesmo: te admiro!
Beijoca,
Cris.

Amarilis disse...

Oi Cris, obrigada. Tô com saudades de você! Beijos.

pedro mendonça disse...

ainda bem que não fomos derrotados pela caretice.