domingo, 7 de junho de 2009

A sorte da abelha

Quando olhei pra cima, uma já estava morta. A outra voava freneticamente entre a luz e o prato. Tocava a morta e voltava para a lâmpada, ora empurrando, ora virando a outra, num claro dilema entre salvá-la e fritar-se na luz.

Fiquei um longo tempo em transe, até que o menino teve a idéia. Apagamos a luz do quarto e acendemos a do escritório. Ela veio. Apagamos também essa, abrimos a janela, fechamos a porta atrás de nós. Finalmente ela foi embora.

Eu não sabia que as abelhas eram tão solidárias, mas sabia que aprisionar-se na luz lhes acontece. Há seres humanos que também são assim. Sofrem de encantamento e tardam a perceber que pode ser sinal de sorte, quando uma luz se apaga.

Um comentário:

Mulher Solteira disse...

Meu Deus... dessa vez a tijolada foi em mim...

(Santo menino para ter a ideia de apagar a luz.)