quinta-feira, 15 de maio de 2008

As paixões

Sempre tive propensão às paixões. Pelos homens, certamente. Casei-me aos cinco anos na festa junina no Jardim de Infância. Aos sete, estava apaixonada por outro, que sabia desenhar letras na areia do parque. Dessas seguiram-se outras: uma a cada ano ou dois, por outros homens. Mas não só por eles.

Custou, mas me apaixonei rigorosamente por todas as cidades onde vivi. Uma por ter o mar e a minha infância, outra pela bicicleta e os amigos da adolescência. Outra ainda por causa da universidade e a minha primeira vez em quase todas as coisas bacanas da vida. E mais outra pela independência e a intensidade dos meus vinte e poucos anos. Depois, mudar de novo e de novo. A cada mudança um susto e depois do ódio a adaptação, seguida da paixão.

Tive também as minhas paixões pelo trabalho: a refinaria, minha e dos operários; a fábrica de papel, meu trabalho mais longo; o laboratório de saneamento; a repartição. Experiências muito empolgantes entremeadas, é claro, por outras bem blasé.

E as viagens? E a música? E os livros? E a escrita? E o cinema? E dançar? São todos capítulos à parte!

Revendo a minha história concluo: não posso evitar as paixões. E elas são sempre longas, por que eu tenho apego. Duram, em geral, até que surja uma próxima. Às vezes são absorventes e exclusivistas, outras vezes coexistem com as outras paixões. Às vezes morrem, pra brotar mais adiante. Nunca me matam, sempre me movem. Sutis como a chama da vela ou incontroláveis como o incêndio do século são elas, as paixões.

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